O protesto dos agricultores na França, que já completou cinco dias, teve nesta terça-feira (23) suas duas primeiras mortes, uma mulher de 35 anos e sua filha de 14, atropeladas por um carro enquanto participavam de um bloqueio, o que levou o presidente do país, Emmanuel Macron, a cobrar soluções do governo.
Apesar de uma reunião realizada ontem entre o primeiro-ministro, Gabriel Attal, e representantes de sindicatos de agricultores para apaziguar a ira do setor, as manifestações continuaram hoje, com ao menos seis estradas ou rodovias bloqueadas.
Em uma delas, a fazendeira Alexandra Sonac, de 35 anos, que participava de um bloqueio com membros de sua família, morreu no início da manhã, perto da cidade de Pamiers, na região dos Pirineus. A filha dela, de 14 anos, ficou gravemente ferida no mesmo acidente, e veio a falecer no final da tarde.
Macron, que estava em segundo plano no gerenciamento dessa crise, expressou condolências em uma mensagem nas redes sociais e exigiu soluções concretas de seu governo.
Os agricultores reclamam do que consideram regras e burocracia excessivas, além das crescentes restrições ao acesso à água de irrigação, ao mesmo tempo em que criticam aspectos da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia, as medidas fitossanitárias do Acordo Verde e os acordos europeus de livre comércio.
Os organizadores das mobilizações, incluindo a forte Federação Nacional de Sindicatos de Agricultores (FNSEA), declararam que permanecerão na linha de frente, a menos que sejam tomadas medidas no curto prazo.
Outro importante sindicato francês, a Coalizão Rural, afirmou nesta terça-feira que estava cético quanto à disposição do governo francês para agir. “Não ficaremos satisfeitos com meros truques de comunicação”, declarou o líder da entidade, Christian Convers.
O ministro da Agricultura da França, Marc Fesneau, afirmou que discutirá em Bruxelas regulamentações europeias que, segundo ele, prejudicam os agricultores franceses, mas pediu que a UE não seja “o bode expiatório” de todos os males do país.
Fesneau viajou para a cidade de Pamiers para demonstrar solidariedade após o trágico episódio e insistiu sobre a necessidade de ouvir e dar respostas às demandas do setor.
O governo francês não está enfrentando apenas a indignação dos agricultores. Pescadores e motoristas de caminhão também se juntaram a esse protesto, criticando as regras europeias que consideram prejudiciais a eles.