França multa o Google em US$ 268 milhões por abuso de publicidade online

07/06/2021 18:33 Atualizado: 07/06/2021 18:33

Por Agência EFE

A Autoridade de Concorrência da França impôs na segunda-feira ao Google uma multa de 220 milhões de euros (268 milhões de dólares) por abusar de sua posição dominante no mercado de publicidade online.

A sanção resulta de uma negociação com o gigante norte-americano da Internet, que aceitou as acusações e assumiu uma série de compromissos na sua política publicitária que se tornaram obrigações, explicou a Autoridade da Concorrência em comunicado.

No centro dessa questão está sua posição dominante em servidores de anúncios para editores da web e aplicativos móveis, o que permitiu que desse tratamento preferencial às suas próprias tecnologias de marca do Google Ad Manager.

Isto beneficiou, em detrimento dos seus concorrentes, tanto o funcionamento do seu servidor de publicidade DPF, através do qual os editores colocam à venda os seus espaços publicitários, como o da plataforma AdX, que organiza o leilão desses espaços.

Especificamente, o DPF deu vantagens à plataforma de vendas e, reciprocamente, o AdX favoreceu o servidor de publicidade do Google.

Um dos principais mecanismos utilizados foi que a DPF comunicasse à AdX os preços propostos pelos concorrentes e, assim, pudesse utilizar esta informação para ajustar as suas propostas nos leilões e aumentar as suas hipóteses de ganhar.

Para tal, modificou as suas comissões com base na pressão que observava de concorrentes que, por sua vez, não dispunham desses elementos.

O Google limitou a atratividade de outros servidores de anúncios, o que lhe permitiu “aumentar significativamente sua participação no mercado e suas receitas, que já são muito altas”, observou o órgão regulador.

Na origem deste procedimento está a denúncia de três empresas do setor jornalístico: News Corp. (editora do The Wall Street Journal, The Sun ou The Daily Telegraph, entre outros), Le Figaro e do grupo Roussel La Voix (que publica diferentes cabeçalhos regionais na França).

A presidente da Autoridade da Concorrência, Isabelle de Silva, considerou “muito séria” a atuação do Google e sublinhou que se trata da primeira decisão no mundo nos complexos processos algorítmicos de leilão com os quais funciona a publicidade online.

Em sua opinião, a sanção e os compromissos do buscador norte-americano, que serão obrigatórios por um período de três anos, “restabelecerão a igualdade de condições para todos os atores” e darão aos editores de páginas web a possibilidade de maximizar seu espaço publicitário.

Além da multa, o Google terá de permitir a seus concorrentes um mecanismo que possibilite a interoperabilidade de seu servidor DFP com outras partes externas.

Trata-se de dar-lhes a possibilidade de “um concurso de mérito” para que o AdX e outras plataformas externas tenham igual acesso às informações sobre os leilões.

O Google concordou em nomear um “agente independente”, que será remunerado e ficará encarregado de monitorar o cumprimento de suas novas obrigações. Esse agente deve transmitir as informações disponíveis à Autoridade da Concorrência.

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