O aumento dos custos de endividamento devido ao avanço das taxas de juros e a alta dívida corporativa são duas das principais vulnerabilidades econômicas que os países da América Latina e do Caribe terão que enfrentar, segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
“O aumento dos custos de endividamento colocará à prova as finanças públicas com pagamentos de juros mais altos, uma vez que a dívida pública e as necessidades de financiamento seguem sendo elevadas”, declarou o Fundo em um estudo no qual aparecem detalhadas as perspectivas econômicas da região.
Na terça-feira passada, o FMI publicou seu último relatório sobre as Perspectivas Econômicas Mundiais, no qual revisa as projeções de crescimento feitas em julho e melhora as da América Latina em meio ponto, até 3,5% (três décimos a mais que o mundo como um todo), embora diminua em três décimos as do ano que vem, para 1,7%.
A América Latina resistirá este ano ao forte impacto global da guerra na Ucrânia e aos últimos golpes da pandemia de covid-19 graças aos preços favoráveis das matérias-primas, às ainda boas condições de financiamento externo e à normalização das atividades em setores como hotelaria e alimentação, que na época foram os mais afetados pela pandemia.
No entanto, em 2023 a região será prejudicada por dados ruins de seus parceiros comerciais e pela queda dos preços das commodities.
Assim, os exportadores de commodities (países da América do Sul, México e algumas economias do Caribe) devem ver suas taxas de crescimento reduzidas pela metade no próximo ano, uma vez que os preços mais baixos das matérias-primas amplificam o impacto do aumento das taxas de juros.
Por outro lado, as economias da América Central também desacelerarão à medida que o comércio com os Estados Unidos e as remessas recebidas enfraquecerem, embora se beneficiem dos preços mais baixos das commodities.
Já as economias caribenhas dependentes do turismo continuarão a se recuperar, embora mais lentamente do que o previsto em julho, em meio a perspectivas de turismo mais fracas.
Crescimento por Países
Por país, o FMI destacou que o Brasil crescerá 2,8% este ano, 1,1 ponto a mais do que o estimado em julho, enquanto em 2023 seu crescimento desacelerará para 1% (um décimo a menos do que o previsto anteriormente).
Já o México crescerá 2,1% este ano (três décimos a menos que o estimado em julho passado) e 1,2% no próximo ano, percentual que não mudou.
Além disso, o relatório divulgado hoje detalha que o Chile fechará 2022 com um crescimento de 2% enquanto no próximo ano a economia chilena cairá 1%; a Colômbia avançará 7,6% em 2022 e 2,2% no próximo ano, enquanto o Peru 2,7% em 2022 e 2,6% em 2023.
“O ritmo de crescimento continua, mas financiamentos mais escassos e caros vão desacelerar as economias da região, enquanto a inflação continua alta. As prioridades políticas são restaurar a estabilidade de preços e manter a sustentabilidade fiscal, protegendo os grupos vulneráveis”, afirmou o relatório, assinado pelos economistas Santiago Acosta Ormaechea, Gustavo Adler, Ilan Goldfajn e Anna Ivanova.
Alta Inflação
Apesar da desaceleração do crescimento, a América Latina continuará enfrentando inflação alta por algum tempo. O órgão liderado pela búlgara Kristalina Georgieva estima que na América Latina e no Caribe os preços subirão este ano em média 14,1%.
Em 2023, a vida continuará a ficar mais cara na região em 11,4% e em cinco anos, em 2027, o principal indicador de preços deverá ficar em 5,7%.
Essas estimativas, segundo especificou o FMI, incluem a Argentina desde 2017, mas não a Venezuela, dois dos países com os preços mais voláteis da região.
Por país, o relatório detalha a inflação nas cinco maiores economias: o Brasil fechará com alta de 6% este ano e 4,7% no próximo; México, 8,5% e 4,8%; Chile, 12,2% e 6,2%; Peru, 6,8% e 3%; e Colômbia, 8,5% e 4,8%.
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