A Finlândia e os países bálticos alertaram nesta quarta-feira para a “ameaça” representada pelo que afirmam ser a exploração de migrantes por parte da Rússia na fronteira finlandesa, por ocasião de uma reunião de ministros das Relações Exteriores da OTAN em Bruxelas.
“A Rússia representa uma ameaça existencial de longo prazo para a comunidade euro-atlântica e sentimo-nos prontos para fazer qualquer coisa como parte da Aliança para fortalecer a defesa e a dissuasão da nossa região”, disse a ministra das Relações Exteriores finlandesa, Elina Valtonen, ao jornalistas ao chegar à reunião.
Seu país, que entrou recentemente na OTAN, fechou por duas semanas a passagem de pessoas na fronteira com a Rússia devido à chegada massiva de migrantes do lado russo, um movimento que não considera natural, mas orquestrado por Moscou para gerar instabilidade.
“Fomos testemunhas de uma operação híbrida levada a cabo pela Rússia na nossa fronteira, em que instrumentalizaram cidadãos de terceiros países para que deixem passar pessoas sem documentos válidos, e também para mobilizar essas pessoas dentro do país e para o interior do país com esse propósito”, disse Valtonen.
A ministra finlandesa frisou que esta é “uma operação que, juntamente com os nossos parceiros e aliados, não podemos aceitar”, e acrescentou que vão avaliar se consideram necessário ampliar as duas semanas do fechamento da fronteira.
“Agora entendemos que a guerra não é apenas na Ucrânia, a Rússia está atacando todos os nossos sistemas, todos os nossos países”, comentou, por sua vez, o ministro de Exteriores da Estônia, Margus Tsahkna.
Tsahkna referiu-se especificamente à situação na fronteira entre a Finlândia e a Rússia e ao recente incidente na infraestrutura subaquática entre o seu país e a Finlândia e a Suécia, embora ainda não se saiba “com certeza” quem esteve por detrás dele.
“Portanto, a região do Mar Báltico também é um alvo da Rússia”, declarou.
“Devemos estar realmente preocupados com o fato de a Rússia estar usando pessoas inocentes, empurrando refugiados através da fronteira finlandesa”, comentou, ressaltando que, embora a Estônia não tenha registrado essa pressão migratória, também estão dispostos a fechar sua fronteira ,“se necessário”, para apoiar a Finlândia.
“Estamos preparados para agir, mas é importante que a OTAN também reconheça a situação e feche as suas fronteiras”, afirmou, ao mesmo tempo em que considerou que o que a Rússia pretende é “desestabilizar-nos”.
Já o ministro das Relações Exteriores da Letônia, Krisjanis Karins, enfatizou a necessidade de apoiar a Ucrânia nas difíceis condições de inverno, não só em nível militar, mas também com a entrega de geradores e equipamentos de alta tensão, visto que a Rússia continuará seus ataques ao país.
“Sabemos que o tempo frio está se aproximando e já estamos assistindo ataques russos contra infraestruturas energéticas para infligir danos máximos aos civis, por isso podemos dizer que o mal da Rússia continua”, considerou.
Questionado sobre a reunião ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que acontece esta semana em Skopje, Karins lembrou que nem os três países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) nem a Ucrânia estarão presentes, dada a presença do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Além disso, criticou a Rússia por vetar a Estônia de presidir a OSCE no próximo ano e por “continuar a estabelecer as suas condições” como parte da organização, apesar de ter invadido um país vizinho.
O ministro estoniano acrescentou que, “em vez de se sentar ao lado de Lavrov” na reunião da OSCE, o representante russo deveria responder por “crimes de guerra”.
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