Montevidéu será o palco para o aguardado desfecho das negociações entre Mercosul e União Europeia. Esse acordo já dura 25 anos e promete redefinir as relações comerciais entre a América do Sul e a Europa.
A cúpula do Mercosul ocorrerá nos dias 5 e 6 de dezembro na capital uruguaia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve viajar a Montevidéu nesta quinta-feira para participar das deliberações finais junto aos líderes do bloco.
Segundo a CNN, representantes de ambos os blocos econômicos se reuniram recentemente em Brasília e as questões técnicas foram finalmente superadas, restando apenas pontos políticos a serem definidos pelos líderes das nações. A última reunião alcançou progressos significativos, restando apenas “um ponto e meio” para ser resolvido.
Durante as rodadas de negociação em Brasília, algumas das principais pendências, como a regulamentação ambiental e o tratamento igualitário para empresas do Mercosul e da União Europeia em licitações públicas, foram amplamente debatidas.
Apesar do avanço das discussões e do otimismo entre os negociadores, o caminho até a formalização do pacto continua longo e complexo.
O embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, enfatizou que o Brasil busca a finalização até dezembro de 2024, embora a assinatura efetiva do tratado não seja esperada tão cedo.
A União Europeia também demonstra intenção de concluir o acordo, visando ampliar suas relações econômicas com a América do Sul em um momento de desafios globais para o comércio internacional.
A presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também é aguardada em Montevidéu. Sua participação poderá ser decisiva para um aval oficial do continente europeu.
Contudo, Lyrio destacou que, embora as negociações estejam próximas da conclusão, a assinatura formal do acordo não é iminente.
A assinatura depende de uma série de trâmites posteriores, incluindo a revisão legal e tradução do texto para as 26 línguas oficiais da União Europeia.
Desde 1999, os blocos tentam estabelecer um tratado que elimine tarifas e facilite o comércio entre as regiões.
A expectativa do governo brasileiro é de que este pacto contribua significativamente para o crescimento econômico, ampliando o acesso a mercados e fortalecendo laços comerciais.
Segundo o governo, o acordo é uma oportunidade não apenas para o Brasil, mas para todo o Mercosul. Ele abriria espaço para a entrada de novos investimentos e para a internacionalização de produtos sul-americanos.
A maior integração com o mercado europeu também deve beneficiar setores como o automotivo, o químico e o agrícola, que passarão a ter acesso facilitado ao mercado europeu.
No entanto, o processo de ratificação enfrenta obstáculos. A resistência francesa é uma das maiores barreiras para a conclusão do acordo.
Preocupado alegadamente com as implicações ambientais e com os impactos na agricultura local, o presidente francês Emmanuel Macron já sinalizou que pode obstruir o processo. Qualquer pacto firmado pela União Europeia deve ser aprovado individualmente por todos os países do bloco.
Apesar disso, Lula reforçou que a conclusão das negociações “não depende da França”. Ele reiterou que possui apoio significativo da Comissão Europeia e de outros países do bloco.