Por Cathy He, Epoch Times
As Filipinas acompanharão as próximas operações da China Telecom no país em busca de espionagem e outras ameaças à segurança cibernética, informou a Nikkei Asian Review em 20 de junho.
O país usará uma plataforma de segurança cibernética operada pelo governo para supervisionar a Mislatel, uma nova operadora de telecomunicações pertencente em parte à estatal chinesa China Telecom, em meio a crescentes preocupações com a segurança das empresas de tecnologia chinesas em todo o mundo.
“Nós vamos ser os únicos a monitorá-los”, disse Elisio Rio, secretário interino de Tecnologia de Informação e Comunicações das Filipinas, ao Nikkei. “Eles devem se certificar de que eles não serão uma ameaça à nossa segurança nacional, ou então eles perderão sua licença.”
A Mislatel deverá receber uma licença de operação em julho para tornar-se a terceira operadora de telecomunicações do país e começará a operar no próximo ano, de acordo com a agência.
A China Telecom é a maior parte interessada da empresa, com 40%.
A plataforma, chamada de Cybersecurity Management System (Sistema de Gerenciamento de Segurança Cibernética), foi desenvolvida em conjunto pela Verint Systems, sediada nos Estados Unidos, e por uma empresa de TI nas Filipinas, informou a empresa. Ela verificará as atividades da Mislatel em relação às regras de privacidade de dados e processará comportamentos suspeitos, como tráfego incomum de endereços IP.
Rio disse ao Nikkei que o sistema pode monitorar as violações de dados não autorizadas que entram e saem da rede móvel da operadora.
Allan Cabanlong, secretário assistente de segurança cibernética do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação, disse que a Mislatel será a primeira a se conectar ao sistema de monitoramento, mas, no final, todas as empresas de telecomunicações deverão passar pelo mesmo procedimento.
A China Telecom é o terceiro maior provedor de telecomunicações da China. Analistas de segurança cibernética expressaram preocupações de que a empresa poderia ser usada pelo regime chinês para espionar e roubar dados de cidadãos estrangeiros.
No início deste mês, uma grande parte do tráfego de dispositivos móveis na Europa foi redirecionada através de sistemas controlados pela China Telecom por duas horas. Especialistas da empresa de tecnologia norte-americana Oracle investigaram este incidente e descobriram que a empresa “sequestrou” o tráfego móvel, um tipo de invasão chamado de sequestro do Border Gateway Protocol (BGP).
A China Telecom desviou o tráfego ocidental em muitas ocasiões anteriores nos últimos anos.
Em outubro passado, especialistas da U.S. Naval War College e Yuval Shavitt, da Universidade de Tel Aviv, publicaram um artigo, concluindo que esses sequestros do BGP pela China Telecom foram intencionais.
O relatório disse que o regime chinês pode ter mudado de ataques cibernéticos para um método mais sutil de redirecionar o tráfego no exterior através das redes da empresa de telecomunicações, para roubar dados de países ou empresas-alvo.
Ele observou que, por meio desse método, o regime chinês podia acessar as redes de uma organização-alvo, obter dados valiosos, adicionar aplicações mal-intencionadas a tráfego aparentemente normal ou simplesmente modificar ou corromper dados.
Joshua Philipp e Nicole Hao contribuíram para esta reportagem.
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