Por Reuters
As autoridades filipinas pediram calma em 30 de janeiro, depois que um ataque de granada contra uma mesquita em uma província do sul de maioria cristã do matou duas pessoas, apenas três dias depois que um bombardeio devastador numa igreja sacudiu a região de Mindanao.
Uma granada foi jogada em uma mesquita durante a noite em Zamboanga, matando duas pessoas e ferindo outras quatro, provocando a condenação e pedidos de calma e união na comunidade onde cristãos e muçulmanos viveram por muito tempo em uma coexistência pacífica.
O incidente com a granada aconteceu algumas horas depois que o presidente filipino Rodrigo Duterte disse na televisão que um ataque a uma igreja que matou 21 pessoas na ilha de Jolo, pode ter envolvido um homem-bomba.
O secretário de Defesa, Delfin Lorenzana, disse em 30 de janeiro que a segunda de duas explosões na igreja foi “provavelmente” um atentado suicida, mas disse que não está claro se o ISIS está realmente por trás do ataque. A identidade do “mártir” não foi revelada.
O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade do ataque em 28 de janeiro. Os militares acreditam que foi o trabalho do grupo extremista islâmico Abu Sayyaf, que se incorporou nas Filipinas e prometeu fidelidade ao ISIS. Eles também são conhecidos como Província ISIS-Filipinas e estão na lista negra dos Estados Unidos e das Filipinas como uma organização terrorista por causa de anos de bombardeios, sequestros e decapitações.
Lorenzana disse a repórteres que testes forenses seriam realizados para tentar determinar se o suspeito era um estrangeiro.
Se confirmado, seria o segundo caso conhecido de um ataque suicida nas Filipinas nos últimos anos, depois de um atentado com uma bomba numa van em julho passado na ilha vizinha de Basilan, que matou 11 pessoas e foi reivindicada pelo ISIS.
Lorenzana disse que não havia conexão entre as bombas da igreja e o ataque à mesquita, ecoando comentários feitos por um comandante da força-tarefa local de que “não era um ato de retaliação”.
“Covardia e obscenidade”
O Conselho Ulama de Zamboanga o chamou de “diabólico, irracional e desumano”, enquanto o governador regional condenou os incidentes da igreja e da mesquita e disse que um ataque durante as orações era a “mais alta forma de covardia e obscenidade”.
“Devemos nos unir contra os terroristas que nos dividiriam na tentativa de destruir tudo o que estamos trabalhando para construir e estabelecer em nossas comunidades”, disse o governador Mujiv Hataman em sua página no Facebook.
Os muçulmanos são uma minoria nas Filipinas, predominantemente católica, e representam cerca de um quarto da população da região de Mindanao, onde a violência decorrente da intolerância religiosa é rara.
Os ataques seguem um referendo pacífico de 21 de janeiro que aprovou esmagadoramente um acordo de paz, entre o governo e milhões de muçulmanos filipinos vivendo nas partes predominantemente muçulmanas de Mindanao – um acordo que tem o potencial de acabar com décadas de lutas separatistas.
Duterte em 28 de janeiro ordenou que os militares destruíssem o notoriamente brutal Abu Sayyaf, que é composto de numerosas células com diferentes agendas, algumas mais radicais, outras criminosas.
Ele disse que não aceitaria sua rendição, acrescentando que “a única maneira de combatê-los é se tornar mau também”.
Os militares já identificaram vários suspeitos e realizaram um ataque aéreo em Jolo, em 29 de janeiro, num alvo não revelado.
Os atentados e a alegação de envolvimento do ISIS revelam como o grupo estrangeiro está prejudicando o Sudeste Asiático e o risco de que combatentes estrangeiros gravitem para Mindanao para capitalizar fronteiras, selvas e a abundância de armas e jovens desempregados.
A lei marcial está em vigor em Mindanao desde que uma aliança pró-ISIS invadiu a cidade de Marawi em 2017, naquela que foi a batalha mais intensa das Filipinas desde a Segunda Guerra Mundial.
A Associated Press contribuiu para este artigo.