Filipinas e Estados Unidos realizarão suas manobras militares conjuntas anuais em abril nas ilhas voltadas para o Mar da China Meridional e possivelmente em Taiwan, zonas chave nas tensões que os dois países mantêm com a China no Pacífico, conforme anunciou nesta terça-feira o Exército filipino.
“Batanes (as ilhas mais a norte das Filipinas) é um dos locais que estamos a considerando” para a execução de “Balakatan”, como são chamados os exercícios, disse hoje o coronel do Exército filipino Michael Logico, em uma entrevista coletiva reproduzida por “GMA News”, da Filipinas.
“Também realizaremos exercícios a oeste de Palawan e manobras de defesa aérea no centro de Luzon”, acrescentou, garantindo que este ano as manobras passarão de suas habituais áreas de treino para “zonas chave, especialmente no norte e oeste” das Filipinas.
Batanes, ao norte do país, no Estreito de Luzon, é a província insular filipina mais próxima de Taiwan – cerca de 350 quilômetros -, uma ilha autônoma que Pequim não descarta invadir e que Washington defenderia em princípio, enquanto Palawan está localizada no Mar do Sul da China, onde China e Filipinas disputam territórios.
França e Austrália também participarão nos exercícios, segundo Logico, que este ano incluirão também a Guarda Costeira filipina e a Polícia Nacional do arquipélago.
Troca de acusações
A Guarda Costeira filipina está no centro das crescentes tensões no Mar da China Meridional entre Pequim e Manila, e acusou hoje navios chineses de realizarem “manobras perigosas” que resultaram em uma colisão entre navios dos dois países em uma zona disputada do Mar da China Meridional.
O chefe de gabinete da Guarda Costeira filipina, Jay Tarriela, acusou os navios chineses de realizarem “manobras perigosas” e “ações imprudentes e ilegais” que resultaram no incidente, segundo afirmou na rede social X, ex-Twitter.
Segundo sua versão, o acidente ocorreu quando três navios da guarda costeira filipina foram destacados hoje pela manhã para apoiar o abastecimento das forças armadas filipinas.
“No meio da operação, a guarda costeira filipina enfrentou manobras perigosas e bloqueio por parte da guarda costeira chinesa e da milícia marítima chinesa. Suas ações imprudentes e ilegais causaram uma colisão entre o navio MHRRV-4407 e a guarda costeira chinesa 21555”, afirma.
Além disso, o vice-secretário do Ministério das Relações Exteriores filipino, Raphael Hermoso, convocou o vice-diretor da missão diplomática chinesa em Manila, Zhou Zhiyong, após o incidente.
“As Filipinas exigem que os navios chineses deixem as águas adjacentes ao Atol de Ayungin”, observou a Chancelaria filipina ao convocar o diplomata chinês, segundo o portal de notícias filipino Rappler.
Por seu lado, a Guarda Costeira chinesa garantiu hoje que seus navios tomaram medidas contra a “intrusão ilegal” de embarcações filipinas nas águas adjacentes ao atol Second Thomas – conhecido nas Filipinas como Ayungin e na China como Ren’ai -, nas ilhas Spratly, sobre o qual Pequim e Manila têm reivindicações territoriais.
Mais tarde, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, explicou em entrevista coletiva que seu país transmitiu um “forte protesto” a Manila sobre o evento, ao mesmo tempo que defendia o comportamento da guarda costeira chinesa.
As tensões entre Filipinas e China aumentaram após a ascensão ao poder do presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., no ano passado, que reforçou a tradicional aliança militar de seu país com os Estados Unidos, com os quais têm um tratado de defesa mútua.