Filho mais velho de Fidel Castro se suicida após depressão severa

02/02/2018 17:37 Atualizado: 03/02/2018 18:02

O filho mais velho do falecido ex-ditador cubano Fidel Castro, Fidel Castro Diaz-Balart, de 69 anos, se suicidou nesta quinta-feira (1º) em Havana, informou a televisão estatal de Cuba.

Castro Díaz-Balart, único filho nascido do primeiro casamento de Fidel Castro com Mirtha Díaz-Balart e que na ilha era popularmente conhecido como “Fidelito”, estava passando por uma “depressão profunda” há vários meses, segundo a mesma fonte.

O falecido, um físico nuclear, era assessor científico do Conselho de Estado de Cuba, o mais alto órgão do governo, e vice-presidente da Academia de Ciências.

A informação oficial sobre a morte foi divulgada através de comunicado transmitido pelo programa Mesa Redonda, da televisão estatal cubana, e posteriormente reproduzida por outras mídias estatais.

O primogênito de Fidel Castro “tirou a própria vida na manhã deste 1º de fevereiro”, disse a nota oficial, que acrescentou que Castro Diaz-Balart era “atendido por um grupo de médicos há vários meses devido a uma profunda depressão”.

“Como parte de seu tratamento, ele inicialmente necessitou de hospitalização e depois continuou com acompanhamento ambulatorial durante sua reincorporação social”, afirmava o comunicado, lembrando que “durante sua atividade profissional, dedicada inteiramente às ciências, ele obteve relevante reconhecimento nacional e internacional”.

O funeral será organizado “segundo decisão familiar”, concluiu a nota.

Dentre as últimas vezes em que foi visto em público, está o funeral pela morte de seu pai, em novembro de 2016, e a investidura do Prêmio Nobel de Química norte-americana de Peter Agre como membro da Academia de Ciências de Cuba, em agosto de 2017 em Havana.

Formado na União Soviética

Nascido em 1949 em Havana, ele foi o grande responsável pela política nuclear de Cuba entre 1980 e 1992, e também encarregado da inacabada construção da usina nuclear de Jaragua em Cienfuegos (centro-sul), primeira instalação deste tipo na ilha.

Após o divórcio de seus pais em 1954, “Fidelito” morou até os dez anos de idade com sua mãe, que voltou a se casar com o advogado Emilio Núñez Blanco e depois instalou-se em Madri nos anos setenta.

Ele começou seus primeiros estudos em Cuba e posteriormente mudou-se para a extinta União Soviética, onde se formou em Ciências Físico-matemáticas pelo Instituto Kurchatov de Energia Atômica em Moscou, e em 1974 formou-se “suma cum laude” em Física Nuclear pela Universidade Federal Lomonosov de Moscou (1974). Mais tarde, expandiu seus estudos em Cuba, Espanha e novamente na União Soviética.

Além de seu trabalho frente à política nuclear cubana, Castro Díaz-Balart representou seu país na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) entre 1983 e 1992 e presidiu o Grupo de Coordenação dos Países Não Alinhados para o uso pacífico da energia atômica (1983-87), entre outras tarefas.

Sete anos de ostracismo

Em 17 de junho de 1992, o jornal estatal Granma anunciou sua demissão como diretor da Secretaria de Assuntos Nucleares, uma decisão sobre a qual Fidel Castro comentou que havia sido “devido à ineficiência no desempenho das funções”.

O filho mais velho do líder cubano foi submetido ao ostracismo durante sete anos até que, em 1999, foi nomeado assessor no Ministério da Indústria Básica, cargo que ele tornou compatível com a divulgação científica como físico nuclear.

Fidel Castro Díaz-Balart viajou várias vezes ao exterior. Nos últimos anos, esteve no Cazaquistão (2015) onde visitou centros de desenvolvimento tecnológico e científico, e em Moscou (2016) para assistir a Conferência Mundial da Associação Internacional de Parques Tecnológicos.

Também participou de pesquisas internacionais sobre energia nuclear e, em 2013, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Moscou, onde na sua juventude se especializou em Física Nuclear sob um nome falso — José Raúl Fernández — para garantir sua segurança.

Devido à tradição da família Castro de manter a intimidade familiar longe do foco público, há pouca informação sobre sua vida pessoal. Ele se casou em primeira núpcias com a russa Natasha Smirnova, com quem teve três filhos (Mirta María, Fidel Antonio e José Raúl) e depois de se divorciar de sua primeira esposa, casou-se com a cubana María Victoria Barreiro.

Ele tinha, além disso, cinco meio-irmãos reconhecidos: os filhos nascidos da união de Fidel Castro com Dalia Soto del Valle (Alexis, Alexandre, Antonio, Alejandro e Angel). Além destes, há também Alina Fernández Revuelta, filha ilegítima do relacionamento de Castro com Natalia Revuelta.

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