Por Ivan Pentchoukov, Epoch Times
A caçada por aqueles que têm vazado informações do governo dos Estados Unidos, iniciada pelo procurador-geral Jeff Sessions em agosto do ano passado, produziu uma prisão importante em 16 de outubro, com a detenção de uma funcionária do Departamento do Tesouro sob a acusação de vazar documentos de inteligência financeira sobre várias questões da investigação sobre a Rússia para um repórter da BuzzFeed News.
Natalie Edwards, principal assessora da Rede de Controle de Crimes Financeiros do Departamento do Tesouro (FinCEN), começou a repassar os documentos para um jornalista não identificado em outubro do ano passado e continuou a fazê-lo até este mês, de acordo com documentos oficiais.
Edwards enfrenta uma acusação de divulgação não autorizada de relatórios de Atividades Suspeitas (SAR) e outra acusação de conspiração. Ambas as infrações têm uma sentença máxima de cinco anos de prisão.
BuzzFeed News publicou 12 artigos como resultado dos vazamentos, de acordo com a ação judicial. Os tópicos dos artigos incluíram várias pessoas ligadas à investigação sobre a ingerência Russa nas eleições de 2016, conduzida pelo advogado especial Robert Mueller, tais como o agente político Paul Manafort, seu sócio Rick Gates, um embaixador Russo nos Estados Unidos, e diversos outros.
A investigação sobre esse vazamento de informações foi desencadeada quando surgiram reportagens que detalhavam os fatos compilados a partir de relatórios SAR, cuja divulgação é um crime grave. A queixa do tribunal foi detalhada pela agente especial Emily Ecksut do esquadrão de corrupção pública do FBI.
Vários artigos da BuzzFeed News indicaram especificamente que os repórteres revisaram relatórios SAR, outros incluíram informações suficientes para verificar se o BuzzFeed tinha recebido documentos da FinCEN.
O Departamento do Tesouro recebe relatórios de instituições financeiras e mantém um banco de dados que a aplicação da lei pode acessar para prevenir atividades criminosas, incluindo lavagem de dinheiro.
Embora a queixa não revele o nome do jornalista, uma revisão dos artigos e seus autores realizada pelo Epoch Times determinou que Jason Leopold, repórter de notícias da BuzzFeed, foi o destinatário mais provável dos vazamentos. Leopold não respondeu a um pedido de comentários.
Quando os agentes do FBI entrevistaram Edwards, ela inicialmente negou ter contatos na imprensa, mas finalmente admitiu ter se comunicado com o repórter e se reunido com ele duas vezes. Edwards negou saber que seu vazamento de informações terminou nas manchetes dos jornais, mas o FBI mostrou-lhe evidências de seu uso da Internet, incluindo buscas por artigos que resultaram de seus supostos vazamentos.
Edwards trabalhou com pelo menos um comparsa que colaborou com ela, um diretor associado ao Departamento do Tesouro, de acordo com os documentos. A agente Ecksut alega que o diretor associado, que não aparece na ação judicial, trocou centenas de mensagens com o mesmo jornalista que Edwards.
A acusada manteve aproximadamente 24 mil arquivos em um pen drive emitidos pelo Departamento entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018. A análise forense dos arquivos constatou que eles continham milhares de relatórios SAR, incluindo todos os SAR citados nos artigos feitos com informações vazadas, de acordo com os documentos judiciais.
Durante o curso da investigação, os peritos tiveram acesso aos e-mails e telefonemas particulares de Edwards. Os investigadores também usaram um bolígrafo digital para rastrear mensagens enviadas de seu aplicativo de mensagens criptografadas.
De acordo com documentos judiciais, Edwards se comunicou com o repórter por e-mail, telefone e um aplicativo de mensagens criptografadas para proteger as comunicações contra a detecção por parte de terceiros, incluindo as autoridades de segurança. Os agentes do FBI conseguiram ver algumas mensagens encriptadas obtendo o número de telefone de Edwards. As mensagens sugerem que, além dos vazamentos, Edwards fez buscas no banco de dados SAR a pedido do jornalista, de acordo com o FBI.
Junto com os arquivos, Edwards enviou um relatório de 465 páginas intitulado “Pedido de Paul Manafort para o Comitê Especial de Inteligência do Senado”.
A prisão de Edwards acontece imediatamente depois de várias histórias vazadas relacionadas com a investigação sobre a Rússia.
Em 15 de outubro, o FBI publicou um arquivo de revisão disciplinar sobre o ex-vice-diretor do FBI, Andrew McCabe. O arquivo revela que McCabe foi investigado por um vazamento de informações sobre o tenente general Mike Flynn e o presidente Donald Trump. Flynn foi acusado por Mueller de mentir para o FBI como parte da investigação sobre a Rússia. McCabe foi demitido no início deste ano por autorizar outro vazamento de informações e por mentir sob juramento.
Também em 15 de outubro, James Wolfe, diretor de segurança adjunto do Comitê Especial de Inteligência do Senado, declarou-se culpado de mentir para o FBI como parte de uma investigação sobre vazamentos não autorizados. Um dos vazamentos enumerados em uma declaração apresentada no acordo de culpabilidade de Wolfe está relacionado à ordem da Lei de Vigilância da Inteligência Estrangeira para espionar Carter Page, voluntário na campanha de Trump. Na ordem, o FBI alegou que Page era um agente russo. Page nunca foi acusado de qualquer crime e nega tal acusação.
O gabinete do inspetor-geral do Departamento do Tesouro ajudou o FBI na investigação. No dia em que a prisão de Edwards se tornou pública, o procurador-geral adjunto Rod Rosenstein disse aos inspetores-gerais em uma cerimônia de premiação que “a prevenção de divulgações inadequadas de informações confidenciais foi uma das questões importantes em que me concentrei no ano passado”.
“A divulgação de informações não públicas e confidenciais que se obtém como funcionário do governo pode comprometer uma investigação ou um caso, prejudicar os direitos de um réu ou destruir injustamente a reputação de uma pessoa”, disse Rosenstein. “Também pode violar leis federais, acordos de não divulgação de funcionários e direitos de privacidade individuais. Em alguns casos, pode pôr em perigo uma testemunha ou um oficial de segurança pública.”
Um funcionário do Departamento de Justiça disse ao Epoch Times que a prisão de Natalie Edwards faz parte da busca pelos informantes que Jeff Sessions anunciou no ano passado. O procurador-geral designou Rosenstein e o diretor do FBI, Christopher Wray, para supervisionar todas as investigações de vazamentos de dados confidenciais e monitorar seu progresso.
“Estamos tomando uma posição”, disse Sessions na época. “Essa cultura de vazamentos deve cessar.”