Falta de acordo em Cúpula Trump-Kim é má notícia para China

A falta de resultados na cúpula Trump-Kim e o apoio da China ao regime de Maduro permitem ao governo Trump ver claramente que lidar com regimes socialistas ou comunistas nunca será um processo tranquilo, já que seus líderes simplesmente não se preocupam com a vida de seus cidadãos e com o futuro de seus países

02/03/2019 10:02 Atualizado: 02/03/2019 10:02

Por Xiaoxu Sean Lin

O presidente Donald Trump encerrou a conversa com Kim Jong-un em Hanói, quando Kim revelou que não conseguiu cumprir nenhuma promessa verificável de desnuclearização em troca do cancelamento das sanções norte-americanas. Este foi um fim desanimador para uma cúpula de tão alto nível com atenção global, especialmente com tanta demonstração de amizade mútua no início.

Mas haver acordo não é um fracasso, uma vez que Trump, pelo menos, alcançou um dos seus objetivos: manter a estabilidade da região sem testes nucleares. Por outro lado, a falta de acordo é um sucesso, já que significa que os Estados Unidos não assumiram nenhum compromisso, não retiraram as sanções casualmente e não ofereceram dinheiro de graça ao lidar com um regime comunista. Já é um grande sucesso que Trump não tenha sido ridicularizado ou trapaceado por um regime comunista. E Trump e Pompeo não romperam a conexão com a Coreia do Norte e ainda mostraram a vontade de continuar negociando.

A falta de acordo significa que Kim Jong-un rejeitou uma oportunidade maravilhosa de transformar seu país em uma sociedade aberta. A administração Trump até deliberadamente lhe deu a oportunidade de ver o sucesso econômico em Singapura e no Vietnã. Kim apreciou o “glorioso” espetáculo diplomático da cúpula, no qual sua própria máquina de propaganda dirigida pelo Estado fará elogios sem fim e despertará grandes esperanças. Mas agora ele tem que enfrentar ainda mais pressão de seu próprio partido porque sua viagem não obteve nenhum resultado.

Os principais pilares usados por Kim para apoiar seu regime foram suas armas nucleares e a propaganda contra os Estados Unidos. E agora, os dois pilares estão um pouco abalados. Ele não pode continuar desenvolvendo suas armas ou retomar os testes nucleares, uma vez que prometeu a desnuclearização diante da mídia mundial. E ele provavelmente não poderia atacar veementemente os Estados Unidos através de sua máquina de propaganda, já que um diálogo contínuo com Pompeo e Trump manterá a Coreia do Norte na mesa de negociações. O que ele poderia fazer é culpar os Estados Unidos por intimidar a Coreia do Norte. E ele precisa se preocupar se os Estados Unidos retomarão os exercícios militares com a Coreia do Sul.

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, provavelmente se sente desconfortável no momento. Quando a cúpula Trump-Kim não permitiu mais progressos na desnuclearização da península, os esforços de Moon para fazer as pazes com a Coreia do Norte no ano passado pareciam empalidecer. É provável que o presidente Moon enfrente mais críticas por sua versão da política “Sunshine” com Kim Jong-un.

Outra pessoa que não consegue se acalmar pode ser Xi Jinping na China. Na coletiva de imprensa em Hanói, Trump apontou claramente que 93% dos suprimentos que cruzam a fronteira da Coreia do Norte vêm da China. Isso foi uma crítica indireta à China por violar as sanções contra a Coreia do Norte. Isso se pode se tornar outra moeda de troca para os Estados Unidos na mesa de negociações durante os acordos comerciais entre os Estados Unidos e a China.

A administração Trump já está chateada com o contínuo apoio da China à ditadura de Maduro na Venezuela. Tanto Chávez quanto Maduro são alunos do Partido Comunista Chinês (PCC). Maduro está aprendendo as táticas que o PCC usou para caluniar o movimento estudantil democrático em 1989, quando o PCC ateou fogo a caminhões militares e culpou os estudantes por isso. Maduro agora culpa os Estados Unidos por ter incendiado caminhões de ajuda humanitária em 23 de fevereiro.

A falta de resultados na cúpula Trump-Kim e o apoio da China ao regime de Maduro permitem ao governo Trump ver claramente que lidar com regimes socialistas ou comunistas nunca será um processo tranquilo, já que seus líderes simplesmente não se preocupam com a vida de seus cidadãos e com o futuro de seus países.

Sair de Hanói sem um acordo não é um resultado satisfatório para a administração Trump e muitos críticos afirmaram que Trump perdeu uma vitória tão necessária. No entanto, qualquer coisa que Trump tenha perdido em Hanói ele poderá tirar da China nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e o país asiático.

Portanto, o fato de não ter havido acordo na cúpula Trump-Kim é na verdade uma má notícia para a China. Escapar de um mau negócio mostra a natureza de Trump como um perspicaz homem de negócios e sua forte vontade de se ater aos seus princípios. Xi Jinping terá que se preocupar: será que Trump também me deixará quando eu o encontrar novamente em Mar-a-Lago?

Xiaoxu Sean Lin é ex-oficial do exército dos EUA com experiência em doenças infecciosas, vigilância e saúde pública mundial. Ele foi co-fundador e ex-vice-presidente executivo da Sound of Hope Radio Network, e apresentador de programas sobre assuntos atuais da China na New Tang Dynasty TV. Atualmente ele é o fundador e CEO da estação de rádio WQER-LP. Ele também é analista de notícias e comentarista frequente na Rede de Rádio Sound of Hope, com enfoque em saúde pública global, segurança nacional e relações internacionais relacionadas a assuntos asiáticos

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