A ex-primeira-dama da Argentina Fabiola Yáñez ratificou nesta terça-feira (13), em depoimento por videoconferência à justiça do país, a denúncia de que teria sido agredida pelo ex-companheiro, o ex-presidente Alberto Fernández.
De acordo com a imprensa argentina e fontes ligadas ao caso, Yáñez, que depôs na Espanha, onde mora, ratificou ao promotor Ramiro González a acusação de que Fernández a agrediu várias vezes, chegou a agarrá-la pelo pescoço e lhe causou lesões graves.
Ela também revelou que começou a consumir álcool depois que Fernández, como ela disse por escrito na segunda-feira, a forçou a fazer um aborto em 2016, pouco depois de o casal começar a viver junto em um apartamento no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires, após o qual ele teria passado a agredi-la.
De acordo com o relato de Yáñez, Fernández também “bebia e saía com seus amigos ‘hippies’ que fumavam maconha”.
A ex-primeira-dama, que atualmente mora em Madri com Francisco, o filho de dois anos que teve com Fernández, também contou que recebeu o tratamento mais violento durante 2023, o último ano do mandato de Fernández, que, segundo a mulher, a culpava por seus problemas políticos.
Ela também disse, de acordo com a imprensa argentina, que o ex-presidente havia ameaçado tirar o filho dela em várias ocasiões.
Yáñez, de 43 anos, decidiu apresentar a denúncia em 6 de agosto depois que a justiça argentina, como parte de uma investigação sobre um suposto caso de tráfico de influência do ex-presidente, encontrou conversas e imagens em um telefone celular pertencente a uma das secretárias de Fernández que indicam a possível prática do crime de “lesões leves no contexto de violência de gênero” contra a ex-companheira.
Após a denúncia, o juiz federal Julian Ercolini proibiu Fernández de deixar a Argentina e ordenou que não se aproximasse ou entrasse em contato com Yáñez por qualquer meio.
Ela, por sua vez, alegou estar sofrendo “terrorismo psicológico” por parte do ex-presidente de 65 anos.
Na audiência desta terça-feira, que durou mais de três horas, Yañez não forneceu novas fotos ou documentos, mas disse que tem mais provas que apresentará à justiça.
A ex-primeira-dama pediu, segundo a imprensa argentina, que o caso seja classificado como crime de “lesões graves”, e não “leves”, além de “agravado pelo vínculo e por ter sido cometido em um contexto de violência de gênero sob abuso de poder e autoridade, em concurso real com ameaças coercitivas”.