Ex-oficial polonês, preso por ter laços com funcionário da Huawei em caso de espionagem, será liberado sob fiança

05/07/2019 21:05 Atualizado: 06/07/2019 07:59

Por Reuters

VARSÓVIA – O ex-oficial de segurança polonês, Piotr Durbajlo, que foi preso em janeiro por alegações de espionagem para a China, será libertado sob pagamento de fiança, disseram seus advogados de defesa à Reuters em 5 de julho.

Mas um vendedor da fabricante de equipamentos para telecomunicações Huawei, Wang Weijing, permanecerá temporariamente detido por pelo menos mais três meses, disse seu advogado de defesa. Wang foi demitido pela Huawei após sua prisão.

Durbajlo, especialista em segurança cibernética, trabalhou durante anos nos altos escalões do governo polonês, inclusive com pessoas e órgãos envolvidos em assuntos sensíveis de segurança nacional, informou a Reuters esta semana.

Um advogado de Durbajlo disse que não queria que seu cliente comentasse a reportagem anterior da Reuters, acrescentando que um pedido para anular a prisão foi rejeitado.

A fabricante chinesa de equipamentos para telecomunicações Huawei está sob intenso escrutínio internacional, depois das alegações dos Estados Unidos de que seu produtos podem ser usados para espionagem por Pequim, o que tem sido negado repetidamente. As alegações levaram vários países ocidentais a restringir o acesso da Huawei a seus mercados.

Washington pediu aos seus aliados que excluam os equipamentos da Huawei de suas redes de telecomunicações móveis de quinta geração (5G) e usem provedores alternativos.

Durbajlo, que trabalhava como consultor da Orange Polska no momento de sua prisão e que desde então deixou a empresa, deve pagar 120 mil zlotys (US$ 31.680) nos próximos 30 dias para assegurar sua libertação, disse um de seus advogados.

O advogado disse que o caso contra Durbajlo não foi retirado e não explicou por que ele estava sendo libertado sob fiança.

Wang disse à Reuters da prisão que Durbajlo era provavelmente seu melhor amigo polonês e que os dois viajaram juntos para a China em três ocasiões. Durbajlo visitou a sede da Huawei, em Shenzhen, pelo menos duas vezes.

Os serviços de segurança da Polônia estão interessados nas viagens de Durbajlo à China, informou a Reuters, e estão investigando seu trabalho em um projeto de uma universidade militar de Varsóvia que envolveu a criação de um sistema de monitoramento para impedir o acesso a informações classificadas enviadas por redes de fibra óptica.

Wang, que disse à Reuters que é inocente, continuará a ser mantido na prisão e no centro de detenção de Warszawa-Bialoleka.

Os promotores poloneses falaram pouco sobre o caso, que é considerado mais classificado desde o anúncio das prisões. No entanto, o presidente polonês, Andrzej Duda, disse à Reuters em junho que as alegações contra os dois homens não eram “vazias”, que “a documentação existe” e que as prisões significam que “há evidências de que tais atividades podem ter sido realizadas”.

Em dezembro, autoridades canadenses prenderam a chefe financeira da Huawei, Meng Wanzhou, a pedido das autoridades norte-americanas, como parte de uma investigação sobre supostas violações de sanções comerciais norte-americanas.

As preocupações de segurança do Ocidente em torno da Huawei centram-se na Lei Nacional de Inteligência da China. Aprovada em 2017, a lei estabelece que as “organizações e cidadãos chineses devem, de acordo com a lei, apoiar, cooperar e colaborar no trabalho nacional de inteligência”.

Isso gerou temores de que a Huawei poderia ser usada pelo regime chinês para incorporar “backdoors” em seus equipamentos que permitiriam o acesso de Pequim, para fins de espionagem ou sabotagem. Alguns especialistas também vêem o risco de que a inteligência chinesa desenvolva a capacidade de subverter equipamentos da Huawei.

De Joanna Plucinska