No domingo (30), Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, sugeriu que seu ex-aliado, o atual presidente Luis Arce, enganou tanto o povo boliviano quanto a comunidade internacional.
Morales fez referência à tentativa fracassada de intervenção militar ocorrida na quarta-feira (26), quando as Forças Armadas da Bolívia tomaram a praça central de La Paz, capital do país, e um veículo blindado avançou contra a entrada do Palácio Presidencial, acompanhado por tropas do general Juan José Zúñiga.
Em seu programa de rádio dominical transmitido de Cochabamba, Morales afirmou que inicialmente suspeitou de um golpe, mas agora levanta a possibilidade de um “autogolpe”, uma ação promovida pelo próprio Arce.
“Pensei que fosse um golpe, mas agora estou confuso: parece que foi um autogolpe”, disse.
O ex-presidente, um dos primeiros a falar sobre a tentativa de invasão armada, criticou Arce, sugerindo que o presidente enganou tanto o povo boliviano quanto a comunidade internacional.
Em resposta, o governo boliviano classificou as declarações do ex-presidente como “totalmente condenáveis” e “inaceitáveis”.
“Dizer que o presidente mentiu ao povo e mentiu à comunidade internacional, por favor! Não se brinca com essas coisas […] somente por ambições de poder”, reagiu a porta-voz e ministra da Presidência, María Nela Prada, em entrevista à emissora estatal.
As tensões na Bolívia têm se intensificado à medida que se aproximam as eleições gerais de 2025, com Evo Morales planejando concorrer contra seu antigo aliado, Arce. A disputa entre os dois tem criado uma profunda divisão dentro do partido socialista governante, o MAS (Movimento Al Socialismo).
General que tentou golpe vai para presídio de segurança máxima
No sábado (29), o general Juan José Zúñiga, acusado de liderar a tentativa de golpe na Bolívia contra o presidente Luis Arce, foi transferido para o presídio de segurança máxima de Chonchocoro, localizado em um município próximo à capital, La Paz.
Zúñiga teve sua prisão preventiva decretada por seis meses, medida determinada pela Justiça local. Além dele, foram transferidos o vice-almirante Juan Arnez, ex-chefe da Marinha, e Alejandro Irahola, ex-chefe da brigada mecanizada do Exército.
Durante sua captura, o ex-comandante afirmou que o próprio Arce o instruiu a “preparar algo” para aumentar sua popularidade, uma acusação negada pelo presidente boliviano.
O governo prendeu 21 indivíduos, entre militares ativos, da reserva e civis, devido ao levante militar, incluindo os três ex-comandantes das Forças Armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha).