Evo Morales comemora decisão da Corte Internacional de Justiça sobre disputa com Chile pelo rio Silala

Por Agência de Notícias
02/12/2022 14:02 Atualizado: 02/12/2022 14:02

O ex-presidente boliviano Evo Morales (2006-2019) destacou que as resoluções da Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia sobre a disputa entre Bolívia e Chile sobre o rio Silala reconhecem a soberania de seu país sobre essas águas e que isso foi “o produto de uma política estatal”.

“Saudamos a decisão da CIJ que reconhece e consolida o direito soberano da Bolívia sobre as águas do Silala e dos canais artificiais. O Chile, de acordo com a decisão, “não reivindica nenhum direito adquirido” sobre o uso deste recurso natural”, disse Morales no Twitter.

O ex-presidente boliviano também afirmou que a alta corte das Nações Unidas estabeleceu que seu país “tem o direito soberano de desmantelar essas infraestruturas (canais), e qualquer redução no fluxo das águas do Silala rumo ao Chile não constituirá uma violação” das obrigações internacionais da Bolívia.

“A mais alta corte de justiça do mundo também determina o uso equitativo e razoável das águas dentro do quadro de cooperação contínua entre os dois países. Esta decisão que reconhece nossa soberania sobre as águas do Silala é o produto de uma política estatal”, acrescentou.

Morales também agradeceu aos ex-embaixadores, ex-ministros estrangeiros, ex-ministros e especialistas internacionais “que trabalharam com dedicação e patriotismo nesta causa”.

Em março de 2016, como presidente, Morales anunciou que iria entrar com um processo na CIJ pelo que ele considera o uso abusivo dos recursos hídricos do Silala pelo Chile.

Entretanto, em junho do mesmo ano o Chile entrou com uma ação no mesmo tribunal para defender sua teoria de que se trata de um curso de água internacional que deve ser compartilhado, e a Bolívia então respondeu com três contraprocessos.

A CIJ enfatizou nesta quinta-feira em sua decisão que “não é chamada a tomar nenhuma decisão” sobre a disputa entre Bolívia e Chile sobre as águas do Silala, uma vez que as partes concordam que se trata de uma hidrovia internacional.

O tribunal considera que a maioria das reivindicações e questões foram resolvidas durante o processo e respondeu a todos os pontos com: “Não tem mais nenhum objeto e, portanto, o tribunal não é chamado a tomar nenhuma decisão”.

O rio Silala nasce no departamento boliviano de Potosí e cruza a fronteira rumo ao deserto do Atacama, uma das regiões mais secas do planeta, antes de fluir para outro rio no Chile.

A disputa corroeu ainda mais as relações bilaterais já tensas devido à reivindicação marítima centenária da Bolívia de acesso soberano ao Oceano Pacífico perdida para o Chile em uma guerra do final do século XIX e que chegou a ser palco de uma longa batalha judicial em Haia.

Em 2018, o tribunal decidiu que o Chile não tem obrigação legal de negociar com a Bolívia, embora as autoridades bolivianas entendam que a decisão não é um impedimento ao diálogo.

 

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