O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou ser vítima de uma “guerra jurídica brutal” após o Ministério Público emitir, na segunda-feira (16), uma nova ordem de prisão contra ele.
Morales, que é acusado de “tráfico de pessoas qualificado”, responsabilizou o governo de Luis Arce, seu antigo aliado, por orquestrar uma “perseguição política” com o objetivo de afastá-lo da disputa eleitoral de 2025.
“É um plano sombrio para me tirar da política e (me deter) fisicamente”, declarou o ex-presidente, que está impedido pela legislação atual de concorrer novamente ao cargo.
Nas últimas semanas, ele e seus apoiadores intensificaram os protestos contra Arce, exigindo a convocação de novas eleições.
As acusações contra Morales se referem a um caso de 2015, quando ele, então presidente, teria mantido relações com uma jovem de 15 anos, resultando no nascimento de um filho no ano seguinte.
De acordo com o Ministério Público, os pais da jovem teriam consentido com as relações em troca de vantagens políticas, o que configuraria o crime de tráfico de pessoas.
Esta é a segunda ordem de prisão emitida contra Morales pelo mesmo caso.
A primeira tentativa ocorreu em setembro, mas foi anulada por um juiz, que considerou que o ex-presidente não havia sido devidamente informado sobre o processo.
Apesar disso, a promotora Sandra Gutiérrez foi reconduzida ao caso e voltou a solicitar a prisão preventiva de Morales por seis meses.
Em outubro, Morales alegou ter sido alvo de um suposto atentado orquestrado pela força pública.
“O governo tem um exército de promotores, juízes, policiais e militares que não só querem me eliminar política e moralmente, mas também fisicamente”, afirmou.
A nova ordem de prisão foi emitida em 16 de outubro, após Morales não comparecer a uma convocação judicial.
Dois dias antes, apoiadores do ex-presidente haviam iniciado bloqueios de estradas em protesto contra o que classificaram como “perseguição judicial”.
As manifestações se estenderam por 23 dias.
Desde o início das investigações, Morales tem se refugiado na região de Chapare, no Trópico de Cochabamba, seu reduto político mais fiel.
Cercado por apoiadores leais, ele não pretende se entregar à justiça, segundo confirmou seu advogado Nelson Cox à AFP.