O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, reiterou nesta sexta-feira que seu país não quer ver uma reocupação israelense da Faixa de Gaza ou uma redução do seu território, depois de Israel ter se proposto a controlar a segurança do enclave palestino.
Questionado a respeito em uma coletiva de imprensa em Buenos Aires, onde se encontra em visita oficial, o chefe da diplomacia americana confessou não ter visto os detalhes do plano do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e disse que prefere guardar sua opinião
No entanto, Blinken lembrou que a posição dos Estados Unidos há meses é que Gaza deixe de ser “uma plataforma para o terrorismo”, mas insistiu que não deveria haver nenhuma reocupação israelense do enclave nem o seu território deveria ser reduzido.
“Queremos ter certeza de que qualquer plano seja consistente com esses princípios”, destacou Blinken, que falou à imprensa ao lado da ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino.
O chefe da diplomacia americana também elogiou a posição do presidente da Argentina, Javier Milei, pela sua firme condenação ao ataque do Hamas perpetrado contra Israel em 7 de outubro.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, revelou pela primeira vez, e após quatro meses e meio de guerra na Faixa de Gaza, seu plano para “o dia seguinte” ao conflito, no qual descreve um enclave desmilitarizado, cuja segurança depende de Israel e onde não existe a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
Em um documento apresentado quinta-feira à noite ao gabinete de guerra para aprovação, e publicado nesta sexta-feira pelo gabinete do primeiro-ministro, Netanyahu recordou os objetivos a curto prazo: destruir as capacidades militares e a infraestrutura governamental tanto do Hamas como da Jihad Islâmica, libertar os reféns e evitar que Gaza volte a ser uma ameaça.
A médio prazo, o premiê projetou uma Faixa onde Israel manterá a liberdade de operações militares “sem limite de tempo”, com um perímetro de segurança na divisa e controle israelense da fronteira entre Gaza e Egito para evitar o reaparecimento de “elementos terroristas”.
“A ‘Cerca Sul’ funcionará, na medida do possível, em cooperação com o Egito e com a assistência dos Estados Unidos, e se baseará em medidas para prevenir o contrabando do Egito, tanto subterrâneo como aéreo, incluindo a passagem de Rafah”, detalha o documento.
Além disso, Israel afirma que manterá o controle de segurança sobre a Cisjordânia e Gaza, sendo que no enclave “haverá uma desmilitarização completa”, para além do que é necessário para manter a ordem pública.
No longo prazo, Netanyahu insistiu na rejeição de um Estado palestino ou de “ditames internacionais sobre um acordo permanente” e previu o fim da UNRWA, “cujos agentes estiveram envolvidos no massacre de 7 de outubro”, repete o texto, apesar da falta de provas conclusivas desde que Israel fez esta acusação contra um grupo da agência no final de janeiro.