Por Álvaro Blanco, Agência EFE
No dia em que a chegada do homem à Lua completa 50 anos, os Estados Unidos querem que a façanha que colocou o país à frente da União Soviética na corrida espacial da Guerra Fria sirva de exemplo e de incentivo para reafirmar o domínio americano fora da Terra.
O principal objetivo da nova corrida espacial é realizar a primeira missão tripulada da história a Marte. E esse tem sido o mote das celebrações do feito conseguido por Neil Armstrong e Buzz Aldrin, os dois primeiros homens a pisar na Lua, há exatos 50 anos.
A missão Apollo 11 foi uma dura derrota para os soviéticos, que até então lideravam a corrida espacial graças ao lançamento do satélite Sputnik, o primeiro a ser colocado na órbita terrestre, e a Yuri Gagarin, o primeiro homem a ser enviado em uma missão tripulada ao espaço.
O presidente dos EUA, Donald Trump, se comprometeu a usar o exemplo da missão Apollo 11 para iniciar uma “nova era de exploração”, ampliando o “espírito pioneiro americano aos limites mais distantes do cosmos”.
Para atingir o objetivo, Trump espera que a missão Artemis leve um homem e uma mulher à superfície lunar em 2024. Este seria um passo prévio ao “grande salto” planejado pelos EUA para restabelecer o domínio do país no espaço: enviar uma nave tripulada a Marte.
Trump destacou que o sucesso da Apollo 11 foi uma “demonstração espetacular” da capacidade técnica e da liderança espacial dos EUA e um exemplo do que o país poderá conseguir no futuro.
A mensagem foi reforçada pelo vice-presidente do país, Mike Pence, que visitou neste sábado o Centro Espacial Kennedy, em Cabo Cañaveral, na Flórida, de onde decolou a missão que levaria o homem à Lua.
Acompanhado de Aldrin e Rick Armstrong, filho de Neil, que morreu em 2012, Pence chamou os astronautas do programa Apollo de heróis e disse que ele será usado para inspirar uma nova corrida espacial dos EUA, ressaltando que o governo ampliou o orçamento da Nasa para este fim.
“O destino dos EUA é liderar a aventura para o desconhecido”, disse Pence.
Segundo o vice-presidente, os americanos não voltarão à Lua para passar “apenas algumas horas”, mas vão “para ficar” e avançar em tecnologia que permita o envio de uma missão tripulada a Marte.
O principal objetivo é construir uma nova geração de foguetes capaz de fazer a viagem até o planeta vermelho em meses e não em anos, como atualmente.
Pence fazia menção aos planos da Nasa de retornar ao satélite terrestre em 2024, estabelecer uma base lunar permanente em 2028 e levar o primeiro homem a Marte na década de 2030.
Se há meio século a pressão sobre os americanos vinha do domínio soviético, agora há novos rivais. A China, por exemplo, anunciou em janeiro que a sonda Chang’e-4 havia pousado na face oculta da Lua, um feito inédito para a humanidade.
Mas enquanto as autoridades focam em tornar o feito da Apollo 11 em um exemplo para as próximas gerações, os 50 anos da chegada do homem à Lua são lembrados com festa e homenagens em várias cidades do país.
A própria Nasa está exibindo os vídeos originais do pouso no satélite terrestre e do primeiro passeio lunar de Armstrong e Aldrin, que começou às 22h56 no horário da costa leste dos EUA (23h56 em Brasília).
Foi quando Armstrong disse a frase que entraria para a história: “Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”.
Do outro lado, na sala de controle da Nasa em Houston, estava Charlie Duke. Também astronauta, ele voltou a dizer nesta semana que não sabia anteriormente o que Armstrong diria ao pisar na Lua, mas considera a frase dita pelo companheiro como “absolutamente perfeita”.
Hoje, o Kennedy Center de Washington lembrará o feito dos astronautas com um show do cantor Pharrell Williams e de outros artistas.
Não muito longe dali, na National Mall, o monumento dedicado a George Washington, o mais simbólico da capital do país, projeta em tamanho real o foguete Saturno V que levou os integrantes da Apollo 11 ao espaço.