EUA não irão mais “pisar em ovos” com regime chinês na Ásia, afirma chefe de defesa em exercício

04/06/2019 20:06 Atualizado: 05/06/2019 11:22

Por Cathy He, Epoch Times

Os Estados Unidos deixarão de “pisar em ovos” em torno do comportamento do regime chinês na Ásia, que ameaça a estabilidade na região, disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Patrick Shanahan, em primeiro de junho.

Em seu primeiro grande discurso no cenário mundial, Shanahan não citou diretamente a China ao se referir a “atores” que desestabilizavam a região, mas depois disse que os Estados Unidos não ignorariam o comportamento da China.

“Talvez a maior ameaça a longo prazo para os interesses vitais dos Estados em toda a região venha de atores que buscam minar, em vez de defender, a ordem internacional baseada em regras”, disse Shanahan no Diálogo Shangri-La anual em Cingapura, maior encontro de segurança na Ásia.

“Se as tendências nesses comportamentos continuarem, as características artificiais nos bens comuns globais poderiam se tornar pedágios, a soberania poderia se tornar a competência dos poderosos.”

A referência de Shanahan a características artificiais foi uma alusão às instalações militares construídas pelo regime chinês em ilhas artificiais e recifes no Mar do Sul da China. As águas ricas em recursos são contestadas por vários países e abrigam uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.

As declarações do secretário de Defesa atuam no momento em que as tensões entre os Estados Unidos e o Partido Comunista Chinês se intensificaram em maio. Primeiro, o governo dos Estados Unidos aumentou as tarifas de 10% para 25%, sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses, em resposta ao regime supostamente retrocedendo em compromissos-chave negociados durante meses de acordos comerciais. Pouco depois, o governo efetivamente proibiu a gigante de telecomunicações chinesa Huawei de fazer negócios com empresas dos EUA por motivos de segurança nacional.

“Não vamos ignorar o comportamento chinês”, disse Shanahan sobre as políticas do governo chinês. “Eu acho que no passado, as pessoas tinham uma espécie de receio em torno disso. Não se trata de ser conflituoso, é sobre ser aberto e ter um diálogo”.

Shanahan disse que, enquanto isso os Estados Unidos estão dispostos a cooperar com o regime e acolher a concorrência.

“Concorrência não significa conflito”, disse ele. “A competição não deve ser temida. Devemos recebê-la, desde que todos joguem com regras internacionalmente estabelecidas”.

Mas ele acrescentou: “O comportamento que desgasta a soberania de outras nações e semeia a desconfiança das intenções da China deve terminar.

“Até que isso aconteça, estamos contra uma visão míope, estreita e paroquial do futuro, e defendemos a ordem livre e aberta que beneficiou a todos nós, incluindo a China.”

Quando Shanahan assumiu as rédeas do secretário de Defesa em exercício, em janeiro, ele disse aos funcionários do Pentágono que o foco do departamento era “China, China, China”.

A Casa Branca disse no mês passado que planeja nomear Shanahan como secretário de Defesa, o que teria que ser confirmado pelo Senado.

Shanahan também reafirmou as fortes preocupações dos Estados Unidos com a Huawei, dizendo que a empresa está “muito próxima do governo chinês”.

“Isso é muito risco para o departamento”, disse ele. “Você não pode confiar que essas redes serão protegidas”.

Autoridades norte-americanas, legisladores e especialistas alertaram repetidamente que o equipamento da Huawei poderia ser usado por Pequim para espionar ou interromper as redes de comunicação. Tais preocupações derivam dos laços estreitos da empresa com o regime comunista, bem como várias leis relacionadas à segurança que obrigam as empresas na China a cooperar e compartilhar informações com as autoridades chinesas quando solicitadas.

O secretário interino disse que o governo estava comprometido com a região do Indo-Pacífico, chamando a área de “teatro prioritário” dos Estados Unidos.

“Estamos onde nós pertencemos. Estamos investindo na região. Estamos investindo em você e com você ”, disse Shanahan.

A Reuters contribuiu para esta reportagem.