EUA: memorando do Congresso revela tentativa de golpe contra Trump

22/01/2018 21:54 Atualizado: 22/01/2018 21:55

Um memorando secreto do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que detalha a potencial conduta criminal dentro do Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) e do Departamento Federal de Investigação (FBI) durante as eleições presidenciais de 2016, provocou tremores em Washington.

Um grupo de 65 membros do Congresso está agora convocando o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Devin Nunes, para realizar uma votação para divulgar o memorando ao público.

Embora o conteúdo do memorando permaneça classificado, os legisladores que o viram reagiram com choque e comentaram sobre a evidência perturbadora apresentada no memorando.

“Nossa república está em perigo se permitimos que esse tipo de ambiente de golpe palaciano continue a persistir”, disse o congressista Matt Gaetz numa entrevista à Fox News em alusão ao memorando.

Os membros da Câmara têm sido cuidadosos para não divulgar qualquer das informações confidenciais contidas no memorando, mas fizeram várias referências indiretas sobre o assunto tratado.

“Pense no que sabíamos há muito tempo, a campanha de Clinton pagou pelo dossiê. Pense nas mensagens de texto de Lisa Page e Peter Strzok, nas quais eles falam sobre… uma ‘apólice de seguro’ para garantir que Donald Trump não fosse eleito presidente”, disse o congressista Jim Jordan (R-Ohio) em entrevista à Fox News.

Uma investigação publicada pelo Epoch Times em 18 de janeiro mostrou a rede de conexões relacionadas ao dossiê Trump e uma possível conspiração entre a campanha presidencial de Clinton, a gestão Obama, a aplicação da lei e a comunidade de inteligência, para evitar que Trump fosse eleito presidente.

Estados Unidos, Donald Trump, Fusion GPS, dossiê, Hillary Clinton, Barack Obama - Um gráfico que mostra a rede de conexões para prevenir Trump de se tornar presidente. Para ver a imagem ampliada, clique aqui (The Epoch Times)
Um gráfico que mostra a rede de conexões para prevenir Trump de se tornar presidente. Para ver a imagem ampliada, clique aqui (The Epoch Times)

No cerne da conspiração estava a narrativa de colusão com a Rússia apresentada no chamado dossiê Trump.

Depois de falhar em impedir Trump de ser eleito, o documento tornou-se a principal narrativa de ataque contra sua presidência, com o objetivo final de forçá-lo a deixar o cargo recorrendo a um impeachment.

Os principais legisladores democratas, incluindo a líder da minoria na Câmara, Nancy Pelosi (D-Calif.), declararam publicamente que estavam esperando o conselheiro-especial Robert Mueller completar sua investigação para iniciar os procedimentos de impeachment.

No entanto, agora sabemos que o dossiê Trump, uma pesquisa da oposição paga pela campanha presidencial de Clinton e pelo Comitê Nacional Democrata (DNC), foi a força motriz por trás das alegações de colusão.

Pagamentos feitos à Fusion GPS, a empresa por trás da produção do dossiê, foram ocultos por mais de um ano pela campanha de Clinton e pelo DNC, tendo sido canalizados por meio do escritório de advocacia Perkins Coie, e designados irregularmente nos registros da Comissão Eleitoral Federal (FEC).

O dossiê, que foi feito para se parecer com um documento de inteligência, foi produzido pelo ex-espião britânico Christopher Steele, que quase exclusivamente usou fontes do Kremlin russo para a informação.

Nellie Ohr, que anteriormente trabalhou para o projeto Open Source Works da Agência Central de Inteligência (CIA), também foi contratada pela Fusion GPS para trabalhar no dossiê. Seu marido, Bruce Ohr, era um alto funcionário do DOJ, que foi rebaixado no mês passado depois que foi revelado que ele se encontrou secretamente com o cofundador da Fusion GPS, Glenn Simpson, e com Christopher Steele.

O dossiê chegou às mãos do FBI por meio de agentes do FBI com que Steele conversou, bem como por meio do senador John McCain (R-Ariz.), que enviou um de seus associados, David Kramer, a Londres para se encontrar com Steele e obter uma cópia do dossiê. Num comunicado divulgado em janeiro de 2017, McCain disse que entregou pessoalmente o dossiê ao então diretor do FBI, James Comey.

Sara Carter, uma repórter investigativa de segurança nacional, relatou em 10 de janeiro que o chamado dossiê Trump foi usado em parte pelo FBI para obter uma autorização da Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA) para espionar a equipe de campanha e de transição de Trump.

Simultaneamente, dois dos principais assessores do presidente Barack Obama, a assessora de segurança nacional Susan Rice e a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, fizeram dúzias, senão centenas dos chamados pedidos de desmascaramento para revelar a identidade dos membros da equipe de Trump em relatórios de inteligência, tanto antes quanto após a eleição.

Uma investigação separada do inspetor-geral do DOJ descobriu que Peter Strzok, o investigador principal no caso Trump, enviou mais de 9,500 mensagens de texto para uma advogada destacada do FBI que trabalhava para o vice-diretor do FBI, Andrew McCabe. Nas mensagens de texto, eles mostram seu favoritismo por Hillary Clinton e um evidente preconceito e desdém contra Trump.

Strzok também foi o principal investigador na investigação de Hillary Clinton sobre seu uso de um servidor privado e inseguro de e-mail enquanto era secretária de Estado.

Numa mensagem entre Strzok e Page, eles descrevem uma reunião que tiveram no escritório de McCabe quando discutiram sobre uma “apólice de seguro” para evitar que Trump fosse eleito.

O presidente norte-americano Donald Trump disse em entrevista ao Wall Street Journal em 11 de janeiro que Strzok cometeu traição.

Em suas observações, Trump fez referência à “apólice de seguro” discutida por Strzok, Page e McCabe.

A traição é definida nos termos do artigo 3º da Constituição dos Estados Unidos como auxílio a inimigos dos Estados Unidos ou conduzir ou promover guerra contra a nação.

De acordo com a lei dos EUA, a traição é punível com pena de morte ou prisão por um mínimo de cinco anos.

Os legisladores que viram o memorando, cujo conteúdo se estende além das informações que já conhecemos, descrevem-no como chocante, com um legislador invocando o KGB (a inteligência soviética) para descrever o que ocorreu.

“Eu li o memorando”, escreveu o congressista Steve King (R-Iowa) no Twitter. “A realidade doentia se instalou. Eu não tenho mais esperança de que exista uma explicação inocente para a informação que o público viu. Há muito tempo, eu disse que isso é pior do que o caso Watergate. Nunca foi Trump, mas sim Hillary todo o tempo.”

O congressista Gaetz disse depois de ter visto o memorando que “as cabeças vão rolar no FBI e no Departamento de Justiça”.

“Não há qualquer maneira de todos manterem seu emprego… Eu acho que pode haver pessoas que enfrentarão consequências criminais como resultado das atividades que são apresentadas neste memorando”, disse ele.

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