EUA e China emitem plano conjunto para impulsionar cooperação sobre mudança climática

'Na área de mudança climática, há mais acordo entre China e EUA do que divergência'

11/11/2021 22:31 Atualizado: 12/11/2021 06:43

Por Eva Fu

Os dois maiores emissores de dióxido de carbono do mundo se comprometeram a trabalhar juntos no combate à mudança climática no dia dez de novembro, enquanto líderes globais encerraram as duas semanas da cúpula climática, COP26, em Glasgow.

O trabalho conjunto foi revelado pelo emissário dos EUA, John Kerry, e seu homólogo chinês, Xie Zhenhua, dois dias antes do encerramento da conferência, anunciado por ambos os lados como uma maneira de ajudar a cúpula a alcançar sucesso.

“Na área de mudança climática, há mais acordo entre a China e os EUA do que divergência, tornando-se uma área com enorme potencial para nossa cooperação”, afirmou Xie por meio de um intérprete na sala de reuniões da conferência.

Ele declarou que o acordo conjunto “mostra mais uma vez que a cooperação é a única escolha para a China e os Estados Unidos”.

O plano identificou cinco áreas de cooperação, mas é escasso em metas concretas, enfatizando que os países têm “responsabilidades diferenciadas” de acordo com suas “diferentes circunstâncias nacionais”, conceito que Xie destacou durante a coletiva de imprensa.

Xie não comprometeu seu país com o Compromisso Global do Metano, que 104 países assinaram durante a conferência, prometendo cortar suas emissões de metano em 30 por cento durante o período de cinco anos, entre 2025 e 2030.

No início da cúpula, Xie também defendeu a dependência da China quanto ao carvão – que fornece cerca de 60 por cento da eletricidade do país – afirmando que Pequim está “em um estágio especial de desenvolvimento” e já está “fazendo nosso maior esforço possível para lidar com a mudança climática”.

Uma usina termelétrica a carvão em Xangai, China, 14 de outubro de 2021 (Aly Song / Reuters)
Uma usina termelétrica a carvão em Xangai, China, 14 de outubro de 2021 (Aly Song / Reuters)

Pequim, na declaração conjunta, prometeu reduzir o consumo de carvão na próxima década e cooperar com os Estados Unidos para impulsionar a energia limpa. Os dois países também compartilharão inovações tecnológicas destinadas a desacelerar as mudanças climáticas. Uma reunião bilateral sobre a redução do metano, a segunda maior fonte de gases do efeito estufa depois do dióxido de carbono, será convocada no primeiro semestre de 2022, afirma o anúncio.

Kerry relata que a declaração é um “roteiro para nossa colaboração presente e futura” quanto ao clima.

“Você conhece a expressão de que a jornada de mil milhas começa com um único passo. Bem, cada passo é importante agora, e temos uma longa jornada pela frente”, afirmou aos jornalistas.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, saudou o acordo entre a China e os Estados Unidos.

“Enfrentar a crise climática requer colaboração e solidariedade internacional, e este é um passo importante na direção certa”, escreveu no Twitter.

O líder da China, Xi Jinping, não compareceu à cúpula da COP26, tornando-se o único líder mundial que fez comentários por escrito, onde exigiu que as nações mais ricas liderassem o esforço climático e acomodassem os países menos desenvolvidos, não realizou novas promessas.

As autoridades chinesas pediram repetidamente a Washington que suavizasse suas políticas para com a China, facilitando a cooperação climática. No dia dois de novembro, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês declarou que “você não pode pedir à China que corte a produção de carvão por um lado, enquanto ao mesmo tempo impõe sanções às empresas fotovoltaicas chinesas”, referência a lista negra comercial, de junho, em que foram colocados vários fabricantes chineses de peças de painéis solares, por supostamente usarem trabalho forçado de minorias uigures, na região de Xinjiang, na China.

Kerry, afirmou anteriormente que “a vida está sempre cheia de escolhas difíceis” ao responder à pergunta de um repórter sobre as violações de Pequim em Xinjiang, declarou novamente, na quarta-feira, que pressionar Pequim sobre os direitos humanos está dentro de sua competência.

“Somos honestos sobre as diferenças. Certamente sabemos o que são e as articulamos”, afirmou Kerry aos repórteres. “Mas esse não é meu dever aqui. Meu trabalho é ser o cara do clima e ficar focado em tentar fazer a agenda climática avançar”.

Emissário especial dos EUA para o clima, John Kerry, se pronuncia durante uma declaração conjunta da China e dos EUA sobre ações climáticas em 2020, no 11º dia da conferência sobre mudanças climáticas, COP26, na SEC em Glasgow, Escócia, em 10 de novembro de 2021 (Jeff J Mitchell / Getty Images)
Emissário especial dos EUA para o clima, John Kerry, se pronuncia durante uma declaração conjunta da China e dos EUA sobre ações climáticas em 2020, no 11º dia da conferência sobre mudanças climáticas, COP26, na SEC em Glasgow, Escócia, em 10 de novembro de 2021 (Jeff J Mitchell / Getty Images)

O regime não tem sido sincero sobre o combate à mudança climática, está apenas jogando a questão a seu favor, afirmam alguns especialistas sobre a China.

Mesmo com a expansão da capacidade eólica e solar da China, esses esforços são impulsionados pela necessidade de saciar a escassez energética, de acordo com Katie Tubb, analista de política econômica do instituto de estudos Heritage Foundation.

“Eles estão dispostos a obter energia de onde quer que seja”, afirmou ao Epoch Times.

A China estabeleceu uma meta de longo prazo para atingir a neutralidade de carbono até 2060, 10 anos depois do prazo estabelecido pelos países desenvolvidos. Do ponto de vista de Tubb, é uma decisão estratégica do regime assistir o ocidente buscar tecnologias ecológicas e, potencialmente, colher os frutos advindos.

“Eles estão protegendo suas apostas”, declarou.

Miles Yu, o principal assessor de políticas para a China do ex-secretário de Estado Mike Pompeo, afirma que conseguir a cooperação da China sobre o clima é uma tarefa “muito difícil”.

“A China, bem lá no fundo, não se preocupa tanto com questões como a mudança climática quanto o atual governo dos Estados Unidos”, Yu relatou ao Epoch Times no final de outubro.

A mudança climática não é “a principal prioridade estratégica da China”, mas é uma alavanca potencial para Pequim extrair concessões dos Estados Unidos em questões como direitos humanos e comércio, afirma Yu.

“Eles se concentram neste impulso radical por poder econômico a qualquer preço, até mesmo às custas da ecologia global.”

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