EUA dizem à China que haverá consequências por repressão a muçulmanos uigures

Em Xinjiang, as autoridades chinesas não só usariam das mais avançadas tecnologias de reconhecimento facial, mas também fariam análise de dados pessoais para vigiar e acompanhar os integrantes da minoria

22/06/2019 16:01 Atualizado: 22/06/2019 16:01

Por Agência EFE

O governo dos Estados Unidos alertou nesta sexta-feira que haverá consequências para a China pela repressão a muçulmanos uigures na região de Xinjiang, no noroeste do país, onde calcula-se que 1 milhão de membros da minoria estão sendo mantidos em campos de detenção.

“Dissemos isso à China: não se equivoquem, não vão ganhar essa guerra contra a fé. Haverá consequências pela posição no interior de seu país e no mundo todo”, disse o embaixador para a Liberdade Religiosa do Departamento de Estado dos EUA, Samuel Brownback.

Desde 1999, a China está na lista de países que os EUA consideram como violadores da liberdade de culto. Como consequência, o governo de Pequim não pode importar equipamentos americanos destinados à vigilância.

Brownback disse que o Departamento de Estado detectou um “aumento” na repressão contra as minorias religiosas na China e que essas ações se “generalizaram” para todo o país.

As informações constam no relatório sobre Liberdade Religiosa divulgado hoje pelo Departamento de Estado, que avalia a situação em 200 países do mundo.

No documento, o governo dos EUA acusa a China de “exercer controle” sobre religiões percebidas como ameaça para o Partido Comunista Chinês, o que incentiva violência contra cristãos, budistas do Tibet e integrantes do movimento Falun Gongo.

Pela primeira vez, o Departamento de Estado incluiu informações específicas sobre Xinjiang. Especialistas, exilados e organizações internacionais afirmam que os integrantes dessa minoria, que têm cidadania chinesa, estão detidos em locais que o governo da China define como “centros de reeducação”.

O relatório traz denúncias feitas por várias ONGs e por jornalistas que afirmam que houve “desaparecimentos forçados, torturas, abusos físicos e detenções prolongadas sem julgamento devido à religião ou etnia”. E ainda destaca que há informações de mortos entre os presos da minoria uigure.

Em Xinjiang, segundo afirmou o governo americano com base em denúncias da Human Rights Watch, as autoridades chinesas não só usariam das mais avançadas tecnologias de reconhecimento facial, mas também fariam análise de dados pessoais para vigiar e acompanhar os integrantes da minoria.

O documento apresentado hoje é elaborado anualmente por ordem do Congresso. Após a publicação, o secretário de Estado tem 90 dias para decidir se há países para “especial preocupação” devido à falta de liberdade religiosa.