Por Jennifer Zeng, Epoch Times
Com o porta-voz o mais importante do Partido Comunista Chinês (PCC), o Diário do Povo, declarando que a China não recuará ante os “desafios externos” que possa enfrentar, os Estados Unidos precisam agora encontrar maneiras novas de ganhar a guerra comercial, e uma delas poderia ser focando-se nos direitos humanos, destaca um especialista chinês.
Em 11 de setembro, o Diário do Povo publicou um editorial de mais de 5.000 palavras, enfatizando que a China não recuará, mesmo quando for “reprimida” por “países estabelecidos”.
No mesmo dia, Fu Ying, vice-presidente do Comitê de Relações Exteriores da Assembleia Popular Nacional da China e membro do Comitê Acadêmico do Instituto de Estratégia Internacional da China da Academia Chinesa de Ciências Sociais, publicou um artigo de opinião na Bloomberg intitulado “Como a China deve reagir às mudanças dos Estados Unidos? Permanecendo firme. Mantendo a calma. E continuando a falar”.
Observadores e analistas chineses consideram os dois artigos como uma resposta “oficial”, embora indireta, à mais recente ameaça do presidente Donald Trump de aplicar tarifas adicionais de US$267 bilhões às importações chinesas.
O editorial do Diário do Povo declara que ser reprimido pelos países estabelecidos é um obstáculo inevitável para os países emergentes, argumentando que todas as superpotências emergentes anteriores no mundo enfrentaram o mesmo desafio. No entanto, ele afirma que a China tem plena confiança de que vai superar esse obstáculo, já que tem a “tremenda força do sistema social” produzida pelo socialismo com características chinesas.
O artigo de Fu Ying basicamente usa o mesmo argumento, embora seu estilo esteja mais em sintonia com as formas ocidentais.
O analista econômico Qin Peng afirma que o editorial do Diário do Povo e o artigo de opinião de Fu Ying devem ser vistos como um ato coordenado, já que altos funcionários do PCC chegaram a um certo consenso sobre como a China se comportará na guerra comercial. O editorial do Diário do Povo está cheio de ódio contra os Estados Unidos e expressa a estratégia do PCC de não recuar.
Qin disse que esses dois artigos revelam as verdadeiras intenções do PCC e que o mundo exterior não deve ser enganado ou afetado por palavras ou atitudes “mais brandas”. Embora o PCC possa fazer algumas concessões necessárias, sob o seu sistema atual não fará qualquer mudança real em sua estrutura econômica, nem cumprirá as exigências da Organização Mundial do Comércio.
O PCC poderia adotar a tática de atrasar ou fazer com que diferentes pessoas ofereçam diferentes mensagens para confundir o mundo. Isso serviria para se aproveitar, se envolver ou criar conflitos internos dentro dos Estados Unidos para atingir seus objetivos.
Os Estados Unidos deveriam tomar novas iniciativas para alcançar maior impacto com menor custo, disse Qin. Por exemplo, os Estados Unidos poderiam impor sanções financeiras a indivíduos e empresas na China que violem os direitos humanos.
Sanções poderiam ser impostas a Chen Quanguo, secretário do Partido Comunista na Região Autônoma uigure de Xinjiang, que enviou mais de um milhão de uigures e outros muçulmanos para campos de reeducação, bem como a Hikvision Digital Technology Co, que está envolvida nessa repressão. Se os Estados Unidos pudessem apreender ou congelar seus ativos nos Estados Unidos, outros oficiais do PCC receberiam definitivamente a mensagem e estariam menos dispostos a causar danos, acrescentou Qin.
Por outro lado, os cidadãos comuns na China saberão que o governo Trump está disposto a apoiar os direitos humanos e estará com eles contra o regime, disse Qin. Por sua vez, os Estados Unidos ganharão mais apoio do povo chinês para vencer a batalha do comércio.
Frank Tian Xie, professor de administração da Universidade da Carolina do Sul em Aiken, descreveu que as delegações dos Estados Unidos e da China tiveram um debate muito intenso durante as negociações comerciais. Xie disse que funcionários do PCC entediaram os delegados norte-americanos até à morte por longas horas com suas declarações sem sentido, vazias mas grandiosas, bem ao estilo do PCC.
Durante as negociações, comenta-se que as autoridades e acadêmicos do PCC acusaram os Estados Unidos de bullying, mas evitaram responder às verdadeiras questões do lado norte-americano. Como resultado, o diálogo foi um fracasso total.
Xie acredita que não haverá solução para essa guerra comercial, a menos que haja mudanças completas na estrutura política da China.