EUA: Departamento de Estado fortalece ofensiva contra propaganda e desinformação

27/02/2018 20:07 Atualizado: 27/02/2018 20:07

Por Joshua Philipp, Epoch Times

O indiciamento do conselheiro-especial Robert Mueller contra 17 supostos agentes russos por criarem falsos perfis online e tentarem interferir na eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos foi um reconhecimento da ameaça que a desinformação patrocinada por um Estado representa para os Estados Unidos. Agora, a gestão Trump está respondendo à altura.

Em 26 de fevereiro, o Departamento de Estado anunciou que assinou um acordo com o Pentágono para transferir US$ 40 milhões dos gastos da defesa, que serão usados ​​para aprimorar o Centro de Engajamento Global para identificar e combater a propaganda e a desinformação.

O Centro de Engajamento Global foi estabelecido pelo ex-presidente Barack Obama pouco antes de deixar o cargo e foi originalmente apresentado sob a bipartidária Lei de Combate à Guerra da Informação de 2016.

De acordo com um comunicado de imprensa, o financiamento adicional será usado no ano fiscal de 2018 para “iniciativas de combate à propaganda e à desinformação de nações estrangeiras”.

Entre essas iniciativas está a criação de novas bolsas, no âmbito de um Fundo de Acesso à Informação público-privado para grupos de combate à propaganda e à desinformação. Isso estará disponível para grupos da sociedade civil, provedores de conteúdo de mídia, organizações não-governamentais, centros de pesquisa e desenvolvimento financiados pelo governo federal, empresas privadas e instituições acadêmicas.

“Este financiamento é fundamental para garantir que continuemos uma resposta agressiva à influência e desinformação malignas e que possamos alavancar parcerias mais profundas com nossos aliados, o Vale do Silício e outros parceiros nesta luta”, disse o secretário de Estado, Steve Goldstein, no comunicado.

“Não devemos assumir meramente uma postura defensiva, também precisamos ser ofensivos”, disse ele.

Um montante inicial de US$ 5 milhões em subsídios será para consulta com o Congresso e, de acordo com o comunicado, incluirá “US$ 1 milhão em dinheiro de fomentação inicial da conta de diplomacia pública do Departamento de Estado para pôr a iniciativa em movimento rapidamente”.

E afirma que o fundo “impulsará o uso de técnicas inovadoras de mensagens e ciência de dados”.

Também acrescenta que o Pentágono usará seu próprio financiamento para programas adicionais com o Centro de Engajamento Global.

Combate à desinformação

O Centro de Engajamento Global foi estabelecido em abril de 2016, e o secretário de Estado, Rex Tillerson, aprovou o pedido de fundos de cerca US$ 60 milhões no ano passado.

O projeto de lei que lançou o programa foi apresentado ao Senado em 16 de maio de 2016. Ele foi patrocinado pelo senador Rob Portman (R-Ohio) e apoiado pelo senador Christopher Murphy (D-Conn.). Mais tarde, ele foi mudado para a Lei de Combate à Propaganda e Desinformação.

O programa foi silenciosamente assinado em lei por Obama em 23 de dezembro de 2016, e foi agrupado na Lei de Autorização da Defesa Nacional de 2017.

A lei inicial advertiu que governos estrangeiros, incluindo a China e a Rússia “usam desinformação e outras ferramentas de propaganda para minar os objetivos de segurança nacional dos Estados Unidos e de seus aliados e parceiros-chave”.

Embora o foco principal fosse identificar e combater as campanhas de desinformação que ameaçam a segurança nacional dos Estados Unidos e de seus aliados, a lei também era destinada a “proteger e promover uma imprensa livre, saudável e independente em países vulneráveis ​​à desinformação estrangeira”.

Também visava trabalhar com vários departamentos para “expor e combater” às operações de informação com suas próprias “narrativas baseadas em fato que apoiam aliados e interesses dos Estados Unidos”.

Quando foi assinado em lei, Portman disse num comunicado de imprensa: “Nossos inimigos estão usando propaganda e desinformação estrangeira contra nós e nossos aliados, e até agora o governo dos Estados Unidos está adormecido no volante.”

“Com este projeto de lei sendo agora lei, estamos finalmente sinalizando que já basta; os Estados Unidos não ficará mais à margem”, disse ele. “Nós enfrentaremos esta ameaça de frente.”

A legislação tem dois enfoques fundamentais. O primeiro é desenvolver uma “estratégia envolvendo todo o governo” para combater a propaganda e a desinformação estrangeiras, de acordo com o comunicado, e inclui protagonistas estatais e não estatais como alvos do Centro de Engajamento Global.

Enquanto o Centro de Engajamento Global é liderado pelo Departamento de Estado, ele tem membros de alto nível do Departamento de Defesa, da USAID, do Conselho de Governadores da Comunicação, da Comunidade de Inteligência e de outras agências relevantes.

O segundo foco da legislação é buscar especialistas fora do governo para “criar opções de estratégia dos Estados Unidos mais adaptativas e sensíveis”, de acordo com o comunicado. Parte disso envolve treinar jornalistas locais e fornecer subsídios e contratos, o que ajudaria a compartilhar experiência e fornecer capacitação em “identificar e analisar as últimas tendências em técnicas de desinformação de governos estrangeiros”.