EUA critica palavras de Lula sobre Venezuela: “Identificar as coisas como elas são”

Por Agência de Notícias
02/06/2023 11:27 Atualizado: 02/06/2023 11:27

Os Estados Unidos criticaram nesta quinta-feira (01) as declarações do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou ter sido construída uma “narrativa” sobre o enfraquecimento da democracia na Venezuela.

“Podemos ter um debate sobre as políticas de sanções, sobre como promover o diálogo, mas temos que identificar as coisas como elas são”, disse o principal assessor da Casa Branca para a América Latina, Juan González, quando questionado pela imprensa sobre os comentários de Lula.

Nesse sentido, González enalteceu a “coragem” dos presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Chile, Gabriel Boric, por refutarem a perspectiva do governante brasileiro.

Esses dois presidentes, disse González, lembraram “a todo o hemisfério que há certos princípios pelos quais muitos na região morreram para defender”.

“E não podemos ver essas questões como relativas, elas são absolutas”, declarou o assessor da Casa Branca.

Após um encontro entre Lula e o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, em uma cúpula regional no Brasil, o mandatário brasileiro atribuiu na segunda-feira as alegações de violações dos direitos humanos e da democracia na Venezuela a uma construção “narrativa”.

O presidente chileno se pronunciou no dia seguinte ao encontro para expressar sua discordância com as palavras de Lula, garantindo que a situação dos direitos humanos na Venezuela é uma “realidade grave”. O mesmo foi feito pelo presidente uruguaio, de direita, que destacou que não se pode “tapar o sol com um dedo”.

Maduro visitou o Brasil para participar em uma cúpula sul-americana convocada por Lula, que o recebeu no Palácio do Planalto, onde ambos celebraram o reatamento das relações bilaterais, suspensas desde 2019 por decisão do governo presidido por Jair Bolsonaro.

Em entrevista coletiva, Maduro afirmou que o seu país tem sido submetido nos últimos anos a um cerco “ideológico” montado pelo que ele chama de  “extrema direita global”, mas garantiu que “tem resistido” e está pronto para “trabalhar” com o Brasil “na construção de um novo mapa de cooperação regional”.

Cerca de 9.000 pessoas físicas e algumas pessoas jurídicas apresentaram denúncias e outros documentos ao Tribunal Penal Internacional (TPI) como “vítimas” de crimes contra a humanidade na Venezuela.

Em novembro de 2022, o procurador do TPI, Karim Khan, pediu para que seja retomada a investigação sobre os crimes contra os direitos humanos na Venezuela, depois de solicitar o adiamento da investigação.

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