EUA: conselheiro-especial revela novo indiciamento na investigação sobre a Rússia

20/02/2018 22:12 Atualizado: 20/02/2018 22:22

Por Ivan Pentchoukov, NTD

O conselheiro-especial Robert Mueller acusou na terça-feira, 20 de fevereiro, um advogado de um importante escritório de advocacia de fazer declarações falsas às autoridades federais, de acordo com a Bloomberg.

O indiciamento, revelado publicamente num tribunal federal em Washington em 16 de fevereiro, acusa Alex Van Der Zwaan de mentir para os investigadores sobre o trabalho que ele realizou para sua empresa em 2012. Mueller está investigando a suposta interferência russa na eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos.

Van Der Zwann mentiu para os investigadores sobre um relatório que ele ajudou a preparar para o julgamento da política ucraniana Yulia Tymoshenko, diz o processo de acusação.

Alex Van Der Zwaan trabalha no escritório londrino da firma de advocacia Skadden, Arps, Slate Meagher & Flom, de acordo com sua página no Linkedin. Quando questionado sobre o trabalho de sua firma em 2012, Van Der Zwann enganou os investigadores sobre suas comunicações com Richard Gates.

Gates foi indiciado em outubro, juntamente com o ex-gerente de campanha de Trump, Paul Manafort, sobre violações durante seu trabalho de consultoria na Ucrânia.

Manafort estava sob investigação muito antes de se juntar à campanha de Trump. Trump aceitou a renúncia de Manafort em agosto de 2016. Mais de um ano depois, Manafort foi indiciado por acusações de lavagem de US$ 18 milhões. Nenhuma das acusações contra Manafort estão relacionadas a seu trabalho de campanha de 2016.

Paul Manafort (2º esq.) chega a um tribunal federal com seu advogado Kevin Downing (dir.) em Washington, D.C., em 2 de novembro de 2017 (Alex Wong/Getty Images)
Paul Manafort (2º esq.) chega a um tribunal federal com seu advogado Kevin Downing (dir.) em Washington, D.C., em 2 de novembro de 2017 (Alex Wong/Getty Images)

Os promotores também dizem que Van Der Zwaan mentiu sobre suas conversas com alguém identificado apenas como “Pessoa A”. Ele também apagou e-mails e falhou em apresentar outras correspondências eletrônicas quando solicitado pela equipe de Mueller e um escritório de advocacia.

Skadden produziu um relatório em 2012 que mostrou uma visão desafiadora do Ministério Público e uma condenação de Tymoshenko. Diferentemente da postura defendida pelos Estados Unidos e pela União Europeia na época, o relatório da Skadden argumentava que o julgamento de Tymoshenko não era politicamente motivado.

Skadden recebeu uma pequena taxa por seu trabalho, pouco menos de US$ 12 mil, um valor abaixo do que seria exigido numa licitação competitiva. No ano seguinte, a empresa recebeu US$ 1 milhão da Ucrânia, embora nenhum trabalho adicional tenha sido feito.

A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko discursa numa convenção em Kiev, Ucrânia, em 29 de março de 2014 (Genya Savilov/AFP/Getty Images)
A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko discursa numa convenção em Kiev, Ucrânia, em 29 de março de 2014 (Genya Savilov/AFP/Getty Images)

Paul Manafort foi parte do esforço para recrutar a firma Skadden em nome da Ucrânia, informou a Bloomberg News, citando documentos que a mídia revisou. A equipe da Skadden que trabalhou no relatório foi liderada por Gregory Craig, que anteriormente havia trabalhado para os presidentes Barack Obama e Bill Clinton.

Manafort foi acusado de se engajar numa conspiração contra os Estados Unidos, envolver-se numa conspiração para lavar dinheiro, falhar em apresentar relatórios de contas bancárias e financeiras estrangeiras e atuar como agente não registrado de uma entidade estrangeira, entre outras acusações.

Manafort mantém sua inocência e desde então apresentou uma ação judicial desafiando a ampla autoridade do conselheiro-especial e acusando o Departamento de Justiça de violar a lei ao nomear Mueller.

NTD Television