Os Estados Unidos confiscaram, nesta segunda-feira (02) na República Dominicana, o avião oficial do ditador Nicolás Maduro, com base nas sanções americanas que pesam sobre o regime venezuelano, informou o Departamento de Justiça.
Através de um comunicado, o governo americano confirmou a informação anteriormente divulgada pela CNN e anunciou a apreensão de uma aeronave Dassault Falcon 900EX propriedade de Nicolás Maduro e de pessoas ligadas a ele na Venezuela, que era operada em seu nome.
A aeronave foi apreendida na República Dominicana com a ajuda das autoridades do país e transferida para a Flórida por ter sido “comprada ilegalmente” por US$ 13 milhões “através de uma empresa fantasma e contrabandeada para fora dos Estados Unidos para seu uso por parte de Nicolás Maduro e seus camaradas”, denunciou o procurador-geral, Merrick B. Garland.
De acordo com a investigação, no final de 2022 e no início de 2023, indivíduos afiliados a Maduro supostamente usaram uma empresa de fachada com sede no Caribe para esconder seu envolvimento na compra ilegal do avião a uma empresa com sede no Distrito Sul da Florida.
O avião foi então exportado ilegalmente dos Estados Unidos para a Venezuela através do Caribe em abril de 2023 e desde então tem voado “quase exclusivamente de e para uma base militar na Venezuela e tem sido usado para o benefício de Maduro e seus representantes, inclusive para transportar Maduro em visitas a outros países”.
Em agosto de 2019, o presidente americano, Joe Biden, emitiu uma ordem executiva proibindo os cidadãos dos EUA de se envolverem em transações com pessoas que agiram ou pretenderam agir direta ou indiretamente, para ou em nome do governo da Venezuela.
Garland acrescentou que o Departamento continuará perseguindo aqueles que violarem as sanções e controles de exportação para impedi-los de usar recursos americanos “para minar a segurança nacional dos Estados Unidos”.
Esta apreensão pretende enviar “uma mensagem clara” de que as aeronaves adquiridas “ilegalmente” dos Estados Unidos para “o benefício das autoridades venezuelanas sancionadas não podem simplesmente desaparecer”, disse o subsecretário de controle de exportações do Departamento de Comércio, Matthew S. Axelrod.
“Não importa quão luxuoso seja o jato privado ou quão poderosos sejam os funcionários, trabalharemos incansavelmente com os nossos parceiros aqui e em todo o mundo para identificar e devolver qualquer aeronave contrabandeada ilegalmente para fora dos Estados Unidos”, acrescentou.
Durante anos o governo americano confiscou dezenas de veículos de luxo, entre outros bens, com destino à Venezuela, mas nunca um veículo com tanta relevância e simbolismo.
Em abril, os Estados Unidos reverteram parcialmente o alívio das sanções ao petróleo e gás venezuelano, acusando o presidente Nicolás Maduro de não cumprir seus compromissos eleitorais com a desqualificação da candidata da oposição María Corina Machado.
Desde as eleições venezuelanas de 28 de julho, os Estados Unidos têm sido muito críticos do governo de Maduro.
Na semana passada, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que a recusa contínua do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela em defender os padrões internacionais e venezuelanos de transparência é uma “violação inaceitável” das leis do país.
Sua declaração, divulgada um mês após as eleições de 28 de julho na Venezuela, também criticou a tentativa do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), “controlado pelo Maduro, de silenciar as vozes dos eleitores que ratificaram o anúncio infundado do CNE de uma vitória para Maduro”.
Em resposta, o regime da Venezuela garantiu que “não deve explicações” aos Estados Unidos sobre a “reeleição” de Nicolás Maduro.