EUA alertam Ortega de que não há como escapar das sanções contra empresas ligadas ao regime de Maduro

O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, é o principal aliado político e econômico do regime socialista de Nicolás Maduro, na América Central, e foi também de seu antecessor, Hugo Chávez

21/03/2019 21:38 Atualizado: 21/03/2019 21:38

Por Jesús de León, Epoch Times

Tanto a empresa Alba de Nicaragua (Albanisa) quanto sua filial Bancorp, que foram atingidas pelas sanções que os Estados Unidos impuseram à empresa venezuelana PDVSA, não poderão escapar às sanções apesar do que o ditador Daniel Ortega possa fazer, assegurou ontem (20) o assessor de segurança John Bolton.

“Os Estados Unidos sancionaram a Albanisa de Nicaragua e sua filial Bancorp como parte das sanções impostas à rede regional de empresas da região venezuelana. Os esforços de Ortega e seus comparsas para fugir dessas sanções vão falhar”, escreveu Bolton no Twitter.

Quando o governo dos Estados Unidos sancionou a PDVSA em janeiro de 2019, Bolton lembrou a Ortega que as sanções contra a petroleira estatal venezuelana também afetariam a Albanisa da Nicarágua.

“Através das sanções contra a PDVSA, os Estados Unidos também sancionaram a Albanisa de Nicarágua, a joint venture do governo com a PDVSA e o fundo ilícito do regime corrupto de Daniel Ortega”, disse Bolton em sua conta no Twitter em janeiro.

As sanções contra a PDVSA proíbem entidades norte-americanas de qualquer operação com a Albanisa, empresa privada de capital misto onde a petroleira estatal venezuelana Pdvsa detém 51% das ações, e os 49% restantes são da estatal Petróleos da Nicarágua (Petronic), segundo El Nuevo Diario de Nicaragua.

“Esta licença não autoriza qualquer transação ou negócio com a Alba de Nicaragua (Albanisa) ou com qualquer entidade na qual a Albanisa tenha, direta ou indiretamente, 50% ou mais de suas ações”, declarou o escritório de controle de ativos estrangeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

Petroleiros permanecem ancorados em frente à refinaria de petróleo Isla, que é arrendada pela petroleira estatal venezuelana PDVSA em Willemstad, Curaçao, Antilhas Holandesas, em 22 de fevereiro de 2019 (LUIS ACOSTA / AFP / Getty Images)
Petroleiros permanecem ancorados em frente à refinaria de petróleo Isla, que é arrendada pela petroleira estatal venezuelana PDVSA em Willemstad, Curaçao, Antilhas Holandesas, em 22 de fevereiro de 2019 (LUIS ACOSTA / AFP / Getty Images)

Como resultado da sanção contra a PDVSA, principal fonte de receitas do regime de Maduro, foram bloqueados nos Estados Unidos 7 bilhões de dólares em ativos da PDVSA, ao mesmo tempo em que Bolton previu que as medidas vão causar mais 11 bilhões de dólares em perdas para a companhia de petróleo no próximo ano.

A Nicarágua compra petróleo bruto principalmente da Venezuela no âmbito de um acordo de petróleo, através da companhia petroleira Alba de Nicaragua S.A. (Albanisa), que é responsável pelo fornecimento de combustível.

Após as sanções, o regime de Ortega tem se mostrado muito ativo na tentativa de vender todas as empresas de sua propriedade que foram ou poderão ser sancionadas pelos Estados Unidos, como uma forma de pressão para que Daniel Ortega respeite os direitos humanos dos nicaraguenses.

O regime de Daniel Ortega há duas semanas tramitou com urgência o processo de aprovação de uma lei para a compra, pelo Estado, do Banco Corporativo SA (Bancorp) — de propriedade da Albanisa e sancionada pelos Estados Unidos.

Técnico extrai uma amostra de petróleo bruto de um poço operado pela petroleira estatal venezuelana PDVSA em Morichal, Venezuela, em 28 de julho de 2011 (RAMON SAHMKOW / AFP / Getty Images)
Técnico extrai uma amostra de petróleo bruto de um poço operado pela petroleira estatal venezuelana PDVSA em Morichal, Venezuela, em 28 de julho de 2011 (RAMON SAHMKOW / AFP / Getty Images)

“No entanto, a chamada operação maquiagem ’em geral, não tem nenhum impacto, e não ajuda a evitar as sanções. As medidas são tão amplas, que eles sempre conseguem punir as empresas que derivam da empresa-mãe”, garantiu para o jornal local (nome mantido em sigilo) o analista de questões de defesa e segurança nacional e presidente da IBI Consultants LLC, Douglas Farah.

A Fundação para o Desenvolvimento Econômico e Social (Funides) da Nicarágua, em seu relatório sobre a situação econômica do país divulgado na terça-feira, disse que a compra do Bancorp para convertê-lo no Banco Nacional “piora a falta de transparência com que a ditadura tem lidado com a cooperação venezuelana, já que o objetivo da transação é tentar evitar as sanções impostas pelos Estados Unidos às empresas constituídas com o dinheiro do petróleo”, informou a mídia local La Prensa.

Segundo Funides, a desconfiança aumenta graças ao fato de não haver nenhum relatório da Superintendência de Bancos e Outras Instituições Financeiras (Siboif) endossando a compra do Bancorp pelo Estado da Nicarágua.

A falta deste aval do Siboif, para Funides, não permite dissipar a escuridão que existe sobre as finanças do Bancorp e os negócios que foram feitos com a cooperação venezuelana.

O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, é o principal aliado político e econômico do regime socialista de Nicolás Maduro, na América Central, e foi também de seu antecessor, Hugo Chávez.

Washington sancionou no ano passado o vice-presidente da petroleira Albanisa, Francisco López, por sua participação na violência ocorrida na Nicarágua. Lopez renunciou à sua posição na Albanisa e na Nicaraguan Mining Company, segundo informou o jornal Hoy de Nicaragua.

A Nicarágua pagou 884 milhões de dólares por importações de petróleo em 2017, 28,1% a mais que em 2016 (690 milhões de dólares), segundo dados oficiais, conforme informou o jornal.