Por Agência EFE
Os Estados Unidos criticaram no sábado a decisão do Conselho Eleitoral Supremo (CSE) da Nicarágua de cancelar o estatuto jurídico da oposição Citizens for Freedom Alliance (CxL) e sublinharam que o processo eleitoral naquele país, incluindo os seus eventuais resultados, “perdeu toda a credibilidade”.
Em nota, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, qualificou a medida de “manobra autocrática” e destacou que ela revela “o desejo” do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, de permanecer no poder “a todo custo”.
Da mesma forma, ele observou que a decisão veio após a prisão de sete candidatos presidenciais e 24 outras figuras da oposição, ativistas de direitos humanos, líderes empresariais, estudantes e trabalhadores de ONGs nos últimos dois meses.
“Os Estados Unidos veem as últimas ações antidemocráticas e autoritárias do regime – alimentadas pelo medo de Ortega de uma derrota eleitoral – como o golpe final contra a perspectiva de a Nicarágua realizar eleições livres e justas este ano”, disse Blinken.
“Esse processo eleitoral, incluindo seus resultados finais, perdeu toda a credibilidade”, disse ele.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos antecipou que continuarão trabalhando com outras democracias para “responder diplomaticamente e economicamente a esses terríveis acontecimentos”, que, considerou, “privarão ainda mais o povo nicaraguense de seu desejo de um governo representativo e de prosperidade econômica”.
Segundo o Secretário de Estado, o “regime Murillo-Ortega” “minou seus compromissos internacionais”, incluindo a Carta Democrática Interamericana e o direito de seu povo de “escolher livremente seus próprios líderes”.
O CSE da Nicarágua também cancelou a carteira de cidadã de Carmella María Rogers Amburn, conhecida localmente como Kitty Monterrey, representante legal do CxL, e com nacionalidade norte-americana-nicaraguense.
As medidas ocorreram três meses antes das eleições em que Ortega busca uma nova reeleição.
Também na sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram restrições de visto que afetam 50 parentes de legisladores sandinistas e promotores e juízes nicaraguenses, que supostamente ajudaram a impedir a realização de eleições livres em novembro.
Já em 12 de julho, o Departamento de Estado havia proibido 100 membros da Assembleia Nacional da Nicarágua (parlamento) de entrar no país, bem como promotores e juízes nicaraguenses, por “facilitarem os ataques do regime à democracia e aos direitos humanos”.