Por Rita Li
O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, alertou o Brasil sobre o “potencial papel” da Huawei em sua rede 5G durante viagem ao país na semana passada, disse um funcionário da Casa Branca em 9 de agosto.
“Continuamos preocupados com o papel potencial da Huawei na infraestrutura de telecomunicações do Brasil”, disse Juan Gonzalez, diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, em uma teleconferência.
Ele acrescentou que a gigante chinesa das telecomunicações, que está na lista negra de exportação dos EUA, está enfrentando dificuldades em sua cadeia de suprimentos de semicondutores, o que deixaria os clientes internacionais “confusos”.
O Brasil ainda “não se comprometeu” a barrar os produtos chineses de sua rede 5G, disse Gonzalez, acrescentando que Washington pediu ao país que construísse indústrias nativas.
O Brasil aderiu ao programa Clean Network liderado pelos EUA como o 50º membro em novembro de 2020. Os membros só podem usar fornecedores confiáveis em suas redes 5G e excluir fornecedores 5G não confiáveis, incluindo Huawei e ZTE.
O ex-presidente Donald Trump colocou a Huawei na lista negra em 2019 por causa de seu vínculo militar com o regime chinês, o que significa que a empresa pode cooperar com as agências de segurança chinesas sob as diretrizes do Partido Comunista Chinês (PCC). Trump lançou várias estratégias de Rede Limpa para impedir as empresas de acessar os principais hardwares e softwares dos EUA por motivos de segurança nacional.
As sanções dos EUA prejudicaram a Huawei em sua capacidade de projetar chips e obter componentes de fornecedores externos.
O alerta recente deu continuidade aos movimentos anteriores lançados pela administração Trump para persuadir os aliados a proteger dados e redes nacionais essenciais do regime chinês.
No entanto, as empresas locais de telecomunicações no Brasil estão profundamente inseridas nos componentes chineses.
A China também usou o “acesso à vacina” para instar o Brasil a reverter as decisões anteriores de excluir a Huawei de suas redes 5G, disse Evan Ellis, um professor pesquisador em estudos latino-americanos do Instituto de Estudos Estratégicos do US Army War College, em uma audiência do USCC em maio.
A Huawei anunciou em fevereiro de 2020 que tinha 91 contratos comerciais 5G fora da China.
Enquanto isso, Gonzalez negou relatos de que os Estados Unidos consideraram a parceria entre Brasil e OTAN como condição para a cooperação do primeiro na questão dos equipamentos 5G da Huawei, afirmando que os dois não estão relacionados.
“Apoiamos as aspirações do Brasil como parceiro global da OTAN como uma forma de aprofundar a cooperação em segurança ao longo do tempo entre o Brasil e os países da OTAN”, disse Gonzalez.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.