EUA abate avião de caça sírio, Rússia ameaça retaliar

19/06/2017 12:49 Atualizado: 19/06/2017 23:32

Na manhã de segunda-feira (19), o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que os aviões da coalizão liderada pelos Estados Unidos na Síria serão tratados como alvos hostis ao oeste do rio Eufrates. O anúncio foi feito em resposta ao abate de um avião de caça sírio no domingo (18).

O avião sírio foi abatido por um caça da Marinha dos EUA, F/A-18E Super Hornet, depois de bombardear os arredores de posições ocupadas pelas Forças Democráticas da Síria (FDS), um grande aliado americano na região. As FDS informou que várias das suas tropas foram feridas por um ataque terrestre de forças leais ao regime de Bashar al-Assad, e foram forçados a recuar de Ja’Din, uma cidade a oeste da capital do Estado islâmico de Raqqa.

As FDS informou ter sido atacado pelo avião de caça Su-22 do regime sírio depois de serem empurrados para fora de Ja’Din. A coalizão liderada pelos EUA anunciou que abateu o avião sírio “de acordo com as regras de engajamento e autodefesa coletiva das forças parceiras da coalizão”.

“A intenção hostil demonstrada e as ações das forças pró-Assad em relação a forças de coalizão na Síria que conduzam operações legítimas anti-Estado Islâmico (EI) não serão toleradas”, afirmou a coalizão.

De acordo com os militares dos EUA, o piloto do avião sírio pôde ejetar.

Essa ação foi o primeiro abatimento de um avião sírio desde que as forças dos EUA entraram na guerra civil da Síria em 2014. Também, é a primeira vez que um avião dos Estados Unidos abate um avião hostil tripulado em mais de uma década e a quarta vez em um mês que o exército dos EUA foram obrigados a disparar contra forças pró-Assad.

O Pentágono informa que os comandantes dos EUA entraram em contato pelo “linha direita de deconflicção” com a Rússia antes de disparar no avião sírio, em um esforço para evitar que a situação se intensificasse entre as duas nações e também realizou um “espetáculo de força” para alertar as forças sírias antes de recorrer a força.

Apesar dessas medidas, a Rússia declarou a ação americana ilegal na segunda-feira (19).

“As ações de combate repetidas da aviação dos EUA sob a cobertura do antiterrorismo contra as forças armadas legítimas de um país que é membro da ONU são uma violação maciça do direito internacional e, de fato, uma agressão militar contra a República Árabe da Síria”, disse o Ministério da Defesa Russo.

A Rússia alertou que os aviões da coalizão norte-americana serão “rastreados pelos sistemas russos de defesa antiaérea como alvos nas áreas onde a aviação russa está em missões de combate no céu sírio”, acrescenta o Ministério.

Os russos alegaram que os EUA não usaram o “linha direita de deconflicção” para avisá-los antes de derrubar o jato sírio e que os aviões russos que operam na área poderiam ter sido comprometidos. De acordo com o comunicado do Ministério da Defesa russo, não utilizará mais a linha direta.

A Associated Press assinala que fez a Rússia fez a mesma ameaça após o ataque de mísseis nos Estados Unidos a uma base aérea síria em abril deste ano.

Na segunda-feira, as FDS disseram que vão retaliar contra qualquer outro ataque do regime de Assad ou de seus aliados.

“As forças do regime montaram ataques em larga escala usando aviões, artilharia e tanques desde 17 de junho”, disse um porta-voz da FDS, citado pela Reuters. “Se o regime continuar a atacar nossas posições nas província de Raqqa, seremos obrigados a retaliar … e defender nossas forças”.

A Reuters observa que o governo sírio já sugeriu que concentraria seus esforços em outras partes de Raqqa durante o impulso para libertá-la do EI, de modo que o ataque às forças das FDS parece marcar uma mudança na política. As unidades das FDS libertaram quatro distritos da cidade do EI e estão lutando por outras três, assim o ataque sírio pode ter sido destinado a impedir a ofensiva das FDS e evitar que a coalizão liderada por curdos controle uma grande parte da cidade.