Estudo da Universidade de Stanford aponta ineficácia do lockdown

21/04/2021 09:56 Atualizado: 21/04/2021 09:56

Por Bruna Lima, Terça Livre

Um estudo produzido por profissionais da Universidade de Stanford, publicado em janeiro de 2021, apontou a ineficácia das intervenções não farmacêuticas (NPIs) – como o lockdown – no combate à pandemia da Covid-19.

Os autores da pesquisa nomeada como “Avaliação dos efeitos obrigatórios de permanência em casa e fechamento comercial na disseminação do COVID-19” são os médicos e professores da universidade dos Estados Unidos Eran Bendavid, Christopher Oh, Jay Bhattacharya e John P. A. Ioannidis.

Foram escolhidos para análise 10 países, sendo eles a Inglaterra, França, Alemanha, Irã, Itália, Holanda, Espanha e os Estados Unidos, com intervenções não farmacêuticas mais restritivas (mrNPIs), e a Coréia do Sul e Suécia com intervenções não farmacêuticas menos restritivas  (lrNPIs).

Para o estudo, foram utilizados os dados subnacionais de cada país, obtendo assim informações mais precisas de cada localidade, combinados aos “calendários de políticas” de cada região e aos dados anteriores à adoção de cada medida, resultando assim em 16 comparações entre os países.

Os resultados negativos demonstram os benefícios das restrições, e os positivos apontam para o malefício delas, resultando no aumento do crescimento diário de casos da Covid-19.

“Em nenhum dos 8 países e em nenhuma das 16 comparações (contra a Suécia ou a Coreia do Sul) os efeitos dos mrNPIs foram significativamente negativos (benéficos). As estimativas pontuais foram positivas (apontam na direção dos mrNPIs resultando em aumento do crescimento diário de casos)”, afirma um trecho do estudo.

De acordo com os pesquisadores, a Suécia e a Coréia do Sul foram escolhidas para a análise, pois os países não implementaram a obrigatoriedade do ‘fique em casa’ e nem o fechamento dos comércios, diferente dos outros 8 países alvos das comparações.

Os Departamentos de Medicina, Epidemiologia e Saúde da População, Ciência de Dados Biomédicos Estatística e os Centros de Política de Saúde e Centro de Atenção Básica e Pesquisa de Resultados e o Meta – Centro de Inovação em Pesquisa em Stanford (METRICS) da Universidade de Stanford participaram da avaliação dos dados.

Entre os métodos de comparações, os pesquisadores separaram os efeitos de cada medida – intervenções não farmacêuticas mais restritivas (mrNPIs) e intervenções não farmacêuticas menos restritivas  (lrNPIs) -, posteriormente somando-as e, ao final, isolando o efeitos das mrNPIs. A análise permitiu assim os resultados sobre a ineficácia do lockdown e outras medidas de isolamento na diminuição dos casos da Covid-19.

Segundo o documento final, o único país onde as estimativas dos efeitos das restrições mais rígidas foram negativas (reduzindo o número de casos diários da Covid-19), em ambas as comparações, foi o Irã em comparação com a Suécia e Coréia do Sul.

“No quadro desta análise, não há evidência de que intervenções não farmacêuticas mais restritivas (‘lockdowns’) contribuíram substancialmente para dobrar a curva de novos casos na Inglaterra, França, Alemanha, Irã, Itália, Holanda, Espanha ou Estados Unidos no início de 2020”, afirmam os médicos de Stanford, Eran Bendavid, Christopher Oh, Jay Bhattacharya e John P. A. Ioannidis.

“Ao comparar a eficácia das intervenções não farmacêuticas (NPIs) nas taxas de crescimento de casos em países que implementaram medidas mais restritivas com aqueles que implementaram medidas menos restritivas, a evidência aponta para longe de indicar que os mrNPIs forneceram benefícios adicionais significativos acima e além dos IrNPIs. Embora diminuições modestas no crescimento diário (abaixo de 30%) não possam ser excluídas em alguns países, a possibilidade de grandes diminuições no crescimento diário devido aos mrNPIs é incompatível com os dados acumulados.”

Os cientistas ainda afirmaram que as ordens para ficar em casa podem ter facilitado a transmissão do coronavírus, e que os dados analisados apontaram que o efeito do lockdown foi de um aumento na taxa de crescimento das contaminações pelo coronavírus.

“Os NPIs também podem causar danos, além de quaisquer benefícios questionáveis, e os danos podem ser mais proeminentes para alguns NPIs do que para outros”, disseram os pesquisadores ao citar o fechamento de escolas nos EUA que trarão duras consequências, evidenciando que na Suécia, até a publicação do estudo, as autoridade não haviam tomado esta medida.

“Não questionamos o papel de todas as intervenções de saúde pública, ou das comunicações coordenadas sobre a epidemia, mas não conseguimos encontrar um benefício adicional de pedidos de estadia em casa e fechamento de negócios.”

O estudo dos professores renomados da faculdade foi publicado em diversos sites, incluindo o Wiley Online Library e a Elsevier Pure.

LEIA O ESTUDO NA ÍNTEGRA.