Estudante de Bangladesh de 19 anos é incendiada por denunciar abuso sexual

20/04/2019 22:10 Atualizado: 20/04/2019 22:10

Por Simon Veazey

Uma menina de Bangladesh, de 19 anos, morreu após ser mergulhada em querosene e incendiada por quatro criminosos vestidos com burcas no telhado de sua escola de madrassa, depois dela se recusar a retirar alegações de abuso sexual.

Nusrat Jahan Rafi, duas semanas antes, acusou o diretor de tocá-la de maneira inapropriada na escola islâmica em Bangladesh, onde as mulheres muitas vezes não se manifestam contra o abuso sexual por medo de represálias.

A notícia de sua morte em 11 de abril provocou protestos generalizados e o público acompanhou de perto a investigação, que até agora levou a 18 prisões.

Oito pessoas estão atualmente enfrentando acusações de conspirar para fingir seu suicídio, supostamente a pedido do diretor, segundo o New Age Bangladesh.

Uma mulher segura uma fotografia da aluna Nusrat Jahan Rafi em um protesto em Dhaka, em 12 de abril de 2019 (Sazzad Hossain / AFP)

Rafi sobreviveu por cinco dias depois de ser ince

ndiada, em 6 de abril, no Sonagazi Islamia Senior Fazil Madrassah.

Seus agressores tentaram fazer com que sua morte parecesse suicídio, de acordo com a polícia, relatou a BBC, mas foram frustrados quando ela foi resgatada e gravou uma mensagem desafiadora no telefone de seu irmão na ambulância.

Nusrat spoke out against her headmaster. She paid with her life.

Posted by BBC News on Wednesday, April 17, 2019

“Um dos assassinos estava segurando a cabeça dela com as mãos, então a querosene não foi derramada nesta região e é por isso que a cabeça dela não foi queimada”, disse o chefe do Departamento de Investigação da Polícia, Banaj Kumar Majumder, à BBC.

Ela havia retornado à escola em 6 de abril para fazer os exames, apesar das ameaças que se seguiram à prisão do diretor em Feni, uma pequena cidade a 160 quilômetros ao sul de Dhaka.

Mulheres de Bangladesh seguram cartazes e fotos da estudante Nusrat Jahan Rafi em um protesto em Daca, em 12 de abril de 2019. (Sazzad Hossain / AFP)

Rafi apresentou uma queixa à polícia em 27 de março, acusando o diretor de chamá-la ao seu escritório e repetidamente tocá-la de maneira inapropriada. Ela disse que correu antes que as coisas pudessem ir mais longe.

De acordo com relatos da mídia de Bangladesh, outras estudantes relataram que o diretor também às agrediu sexualmente.

O diretor foi preso, provocando um protesto do lado de fora da delegacia organizado pelos moradores locais.

The man tried to molest Nusrat alone at least three times before her family filed the sexual harassment case last month, which reportedly led him to hatch a plot and have his cohorts kill the girl.

Posted by Dhaka Tribune on Thursday, April 11, 2019

De acordo com a declaração de Rafi, ela foi levada ao telhado da escola por uma aluna, que lhe disse que um amigo havia sido espancado, relatou o Independent de Bangladesh. Mas em vez disso, ela se viu cercada por quatro pessoas escondidas sob burcas, que exigiram que ela retirasse suas alegações.

Quando ela recusou, amarraram suas mãos, a encharcaram com um líquido e lhe disseram para correr. Apenas quando ela correu, ela percebeu que tinha sido incendiada.

De acordo com relatos da mídia local, o diretor Siraj-ud-Daula, tem relações estreitas com vários políticos da região.

O jornal Dhaka Times cita fontes dizendo que ele foi protegido por pelo menos 15 “políticos influentes”, em troca de dinheiro e presentes, nos últimos 18 anos.

De acordo com o Daily Star, dois dos homens acusados no caso confessaram no tribunal que incendiaram Rafi, alegando que o fizeram por instrução do diretor.

Após um protesto nacional sobre o caso, o primeiro-ministro de Bangladesh prometeu uma ação severa contra os assassinos.