Poucas horas depois de o presidente Donald Trump considerar uma retaliação contra a Síria, o Exército americano lançou 59 mísseis Tomahawk sobre uma base aérea em Ash Sha’irat, na província de Homs, segundo altos funcionários. Trata-se do local de onde a Inteligência americana acredita ter partido o ataque químico que segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos deixou pelo menos 86 mortos na terça-feira, incluindo 30 crianças, uma violação às convenções internacionais que aparentemente mudou a postura americana em relação ao regime sírio.
Esse é o primeiro ataque oficial dos Estados Unidos contra Bashar al-Assad. Após outros ataques químicos também atribuídos a seu regime, o governo de Barack Obama ameaçou tomar uma ação militar, mas não chegou a concretizá-la. A base militar que foi bombardeada é alegadamente controlada por forças sírias e russas.
Algumas horas antes, após reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o caso do ataque com armas químicas, a Rússia fez uma advertência aos EUA declarando que uma ação militar contra a Síria poderia ter “consequências negativas”. “Se houver uma ação militar [contra a Síria], toda a responsabilidade recairá sobre os que tiverem iniciado uma empreitada tão trágica e duvidosa”, proclamou o embaixador russo na ONU, Vladimir Safronkov, na saída da reunião.
Moscou sustenta que o ataque tenha sido causado por um vazamento num depósito de armas químicas de jihadistas anti-Assad, na cidade de Khan Sheikhoun, na provincía de Idlib, bombardeado pelo regime sírio. Damasco nega a utilização deste tipo de arma. Uma investigação da ONU atribuiu ao regime três ataques com gás cloro em 2014 e 2015. A Síria é signatária da Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas desde 2013.
Num pronunciamento agora à noite, o presidente americano afirmou não haver dúvidas “de que a Síria usou armas químicas proibidas”, que os Estados Unidos devem “prevenir e impedir a disseminação e o uso de armas químicas mortais” e que o ataque foi de “interesse vital de segurança nacional”.