O governo dos Estados Unidos comunicou nesta quinta-feira sua decisão de retirar o país da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Dentre as justificativas elencadas pelo Departamento de Estado americano está a continuidade do ‘viés anti-Israel’ do órgão. A saída se efetivará em 2018, a partir de quando os EUA intentam estabelecer uma missão permanente de “observadores”, segundo o comunicado.
“Não foi uma decisão fácil e reflete as preocupações dos EUA com pagamentos em atraso na Unesco, a necessidade de reformas fundamentais na organização e a continuidade do viés anti-Israel na Unesco”, comunicou o Departamento de Estado.
Ainda em 2011, os Estados Unidos cortaram significativamente suas contribuições à Unesco, por conta da admissão plena da ‘Palestina’ na entidade ─ pelos votos de Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul e França, entre outros, contra EUA, Canadá e Alemanha, que votaram contra, tendo o Reino Unido se abstido. O financiamento estadunidense equivalia a mais de 20% das receitas do órgão.
Em julho deste ano, os EUA haviam advertido que seus vínculos com a Unesco estavam sob revisão, depois que a entidade declarou como “zona protegida” do patrimônio mundial em perigo a Cidade Velha de Hebron, na Cisjordânia. Na ocasião, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, chamou a decisão de “uma afronta à história” que desacredita “ainda mais uma agência da ONU já altamente discutível”.
I deeply regret the decision of the United States of America to withdraw from @UNESCO.
Official statement: https://t.co/ACgqUKVLBi pic.twitter.com/xHTvJNt6tm— Irina Bokova (@IrinaBokova) October 12, 2017
Após ter recebido a notificação oficial do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, disse: “Lamento profundamente a decisão dos Estados Unidos da América a retirar-se da Unesco”. Ela acrescentou que o fato representa uma perda para o ‘multilateralismo’ e para a “família das Nações Unidas”.
Israel
Ano passado, Israel suspendeu sua participação na Unesco depois que a entidade aprovou uma repreensão contra a restrição da entrada de muçulmanos ao Monte do Templo, local sagrado na parte leste de Jurusalém, após atentados terroristas na região. Para os israelenses, a decisão negaria o vínculo milenar dos judeus com a cidade.
Os islâmicos, que também frequentam o local, chamam-no al-Aqsa ou Haram al-Sharif. Ocupada desde 1967 por Israel e anexada posteriormente, a parte oriental de Jerusalém é cobiçada por muçulmanos como futura capital do projeto de um Estado ‘palestino’.
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