Por Agência EFE
O jovem deputado da esquerda, Gabriel Boric, representante da Frente Ampla e do Partido Comunista, conquistou a presidência chilena neste domingo com 55,7% dos votos, com 92% dos colégios eleitorais contabilizados.
“Serei o presidente do Chile de todos os chilenos, não governarei apenas entre quatro paredes”, declarou Boric durante um telefonema na televisão com o presidente cessante, o conservador Sebastián Piñera.
Seu adversário, o advogado da direita, José Antonio Kast, obteve 44,27% dos votos, uma das maiores diferenças em uma votação na história recente do Chile.
Kast, que venceu no primeiro turno do dia 21 de novembro com apenas 2 pontos de vantagem, reconheceu com pouco mais da metade dos votos escrutinados a vitória do ex-líder estudantil, que se tornará o mais jovem presidente, em março de 2022, da história recente do Chile.
“Acabei de falar com o Gabriel Boric e parabenizo-o pelo grande triunfo. A partir de hoje ele é o presidente eleito do Chile e merece todo nosso respeito e colaboração construtiva. O Chile está sempre em primeiro lugar”, escreveu ele em sua conta no Twitter.
Deputado de 35 anos e ex-líder estudantil, Boric define-se como ecologista, feminista e regionalista e quer ampliar o papel do Estado rumo a um modelo assistencialista semelhante ao europeu.
Será o presidente mais esquerdista desde o governo do derrubado Salvador Allende (1973-1990) e o primeiro que não faz parte dos dois grandes blocos que dividiam o poder desde a volta à democracia em 1990.
“Estou feliz porque estou na Plaza Dignidad desde 18 de outubro (dia em que estourou a onda de protestos de 2019) e tinha muito medo da extrema direita. Estou feliz porque a democracia venceu”, relatou à Efe a universitária Bárbara Gómez na porta do hotel onde se reúne o comando do presidente eleito.
A mesma alegria se manifestou no caminho para as celebrações de Ignacio Valdés, de 34 anos. “O Chile disse não ao fascismo”, ela assegurou à Efe.
Os especialistas destacaram que a diferença entre os dois seria muito estreita e dependeria da participação, que no primeiro turno, 21 de novembro, mal chegava a 50% da rolagem.
Segundo dados oficiais, Boric obteve amplo apoio na capital, onde está metade dos eleitores, e em outras regiões com grandes centros urbanos, como Valparaíso, onde conquistou quase 20 pontos de vantagem.
Também teria prevalecido mesmo na região norte de Antofagasta, uma área que foi vencida no primeiro turno por Franco Parisi, um economista polêmico cujos eleitores apoiaram Kast na corrida para a votação.
Entre os principais desafios do futuro governo estarão canalizar a crise social que se prolonga desde os protestos de 2019, liderar a implementação das normas da nova Constituição e enfrentar os desafios econômicos deixados pela pandemia.
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