A escritora bielorrussa Svetlana Alexiévitch, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015, admitiu pouca esperança com os rumos da guerra da Ucrânia, especialmente, quanto a postura da população da Rússia, de apoio ao presidente do país, Vladimir Putin.
De acordo com a autora, que nasceu na Ucrânia e vive exilada em Berlim, na Alemanha, por se opor ao governo do presidente de Belarus, Alexandr Lukashenko, os russos estão vivendo “uma espécie de delírio”.
“O povo russo não mudará se a propaganda seguir tão ativa como agora”, disse Alexiévitch, que receberia nesta segunda-feira o Prêmio Internacional Catalunha, entregue pelas autoridades da região autônoma da Espanha.
Em uma entrevista coletiva concedida em Barcelona, a escritora bielorrussa lamenta que a população da Rússia “tenha deixado de pensar”.
Alexiévitch admite não saber o que será necessário acontecer para uma mudança de atitude.
“Suponhamos que Belarus entrasse em guerra, 20 mil soldados fossem obrigados a lutar, e voltassem 10 mil cadáveres. É certo que haveria uma explosão, mas esses 20 mil ou até 60 mil, no caso da Rússia, um país com tantos milhões de habitantes, não pegará fogo”, afirmou a escritora.
Sobre os inúmeros casos de jornalistas e escritores presos na Rússia e em Belarus, Aleksiévich disse que “às vezes, as pessoas que nem sequer se dedicavam à política se convertem em mártires, em heróis, e agora é difícil sair à rua se você se manifesta contra o regime”, lamentou.
Segundo a vencedora do Nobel de Literatura, se trata de uma estratégia para “atemorizar o povo”.
Alexiévitch garantiu esperar “poder voltar à Belarus e escrever um livro sobre o amor”.
Enquanto isso, a escritora se diz tensa com os rumos do conflito no Leste Europeu e faz um alerta sobre o presidente da Rússia.
“Se Putin pretende aniquilar a Ucrânia, não importa quantas pessoas podem morrer nesta guerra”, disse.
“A Ucrânia vencerá, é bastante evidente, porque os ditadores sempre têm contra eles o fator tempo”, acrescentou.
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