O Governo do Equador anunciou na terça-feira (18) que voltará a solicitar vistos a cidadãos chineses devido ao aumento “incomum” dos fluxos migratórios ilegais de pessoas dessa nacionalidade que chegaram ao país “e não saíram dentro do período permitido” de 90 dias.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores e Mobilidade Humana do Equador (Cancillería) informou a suspensão temporária do acordo de eliminação de vistos entre o Equador e a China e destacou que os cidadãos chineses “estariam usando o Equador como ponto de partida para chegar a outros destinos no Hemisfério”.
A nota acrescenta que nos últimos meses se tem registado um aumento “preocupante” dos fluxos migratórios provenientes da China e, adicionalmente, cerca de 50% dos visitantes não são registrados saindo do país através de rotas regulares e nos prazos estabelecidos por lei.
“Por isso, estariam no país em situação de imigração irregular ou teriam saído por rotas irregulares para outros destinos do Hemisfério”, se lê no documento.
Os EUA enfrentam uma crise migratória em sua fronteira com o México, com um recorde de entrada de imigrantes ilegais. Com rotas migratórias oriundas também da América do Sul, eles podem ser um destino de imigrantes ilegais chineses entrando no continente americano a partir do Equador.
Em 2023, oficiais americanos prenderam 37 mil imigrantes ilegais chineses entrando no país — 10 vezes mais do que em 2022.
Há preocupações quanto a narcotráfico internacional e outras atividades criminosas em meio à crise migratória, que se estende pela América Latina. O governo mexicano alegou anteriormente que havia tráfico de Fentanil vindo ao México a partir da China.
O Fentanil é um narcótico potente, e a principal causa de mortes por overdose nos EUA. O México e a China são as duas principais origens para a droga no mercado americano.
O governo equatoriano reiterou o compromisso de garantir que quem visita o Equador “o faça com garantias de segurança adequadas, evitando que sejam vítimas de tráfico de pessoas ou contrabando migratório, bem como de assegurar controle migratório nacional e salvaguardar o normal funcionamento das empresas de transporte aéreo”.
O órgão não deu detalhes sobre as datas em que a resolução começará a ser aplicada, nem os requisitos que serão solicitados aos cidadãos chineses portadores de passaporte comum.
Em coletiva de imprensa na terça-feira (18), a China associou a decisão do Equador de exigir vistos aos seus cidadãos a partir de 1 de julho com a luta contra a imigração ilegal.
“A China opõe-se firmemente a qualquer forma de imigração ilegal”, declarou o porta-voz de Pequim, Lin Jian, quando questionado sobre a medida do Governo equatoriano.
“Nos últimos anos, as agências policiais chinesas tomaram medidas fortes para combater crimes que dificultam a gestão das fronteiras nacionais e mantiveram uma postura rigorosa e de alta pressão contra todos os tipos de imigrantes ilegais”, acrescentou o porta-voz.
Lin observou que o acordo de isenção de vistos entre a China e o Equador, em vigor desde agosto de 2016, desempenhou até agora um “papel importante e positivo” no intercâmbio de pessoal e na cooperação entre os dois países.
No entanto, não mencionou se esta decisão será recíproca e impedirá que os cidadãos equatorianos entrem no gigante asiático sem visto no futuro.
Atualmente, viajantes com passaporte equatoriano podem entrar na China sem visto por 30 dias.