Numa mudança sem precedentes, o principal clérigo islâmico da Arábia Saudita chamou o Hamas de uma organização terrorista e declarou que é errado lutar contra Israel.
Os comentários do mufti são o episódio mais recente de uma onda de mudanças históricas na Arábia Saudita, desencadeada por uma política externa audaz do presidente Donald Trump, focada na destruição do terrorismo radical islâmico.
O grande mufti da Arábia Saudita, Abdul Aziz al-Sheikh, fez os comentários na televisão quando perguntado sobre a luta contra Israel, informou o jornal turco Daily Sabah. O grande mufti é a autoridade máxima da lei islâmica na Arábia Saudita, com a autoridade de emitir opiniões legais, conhecidas como fatwas.
Israel notou rapidamente a declaração inesperada do mufti. O ministro das comunicações israelenses, Ayoub Kara, escreveu no Twitter congratulando o mufti e convidou-o a visitar Israel.
“Nós parabenizamos Abdul Aziz al-Sheikh, o grande mufti da Arábia Saudita … por sua fatwa proibindo a luta contra os judeus e proibindo matá-los”, escreveu Kara no Twitter, de acordo com o jornal paquistanês The News International.
Kara também elogiou o mufti por declarar o Hamas como uma organização terrorista.
Os comentários do mufti são parte de mudanças significativas no Oriente Médio, lideradas pela Arábia Saudita. A CNN informou na segunda-feira que os sauditas persuadiram a maioria dos 22 Estados-membros da Liga Árabe a declararem o Hezbollah como uma organização terrorista.
Em outubro, o mufti elogiou a criação do Complexo do Rei Salman para o hadith do profeta na Arábia Saudita. O centro visa “eliminar textos falsos e extremistas e qualquer texto que contradiga os ensinamentos do Islã e justifiquem a prática de crimes, assassinatos e atos terroristas”.
Essas mudanças estão entre várias outras lideradas pela Arábia Saudita e encorajadas pelo presidente estadunidense Donald Trump. A importância da Arábia Saudita para a política externa de Trump não pode ser ignorada. Trump realizou a primeira visita de Estado à Arábia Saudita no início deste ano e levou quase todo o seu gabinete na viagem.
O discurso de Trump durante a visita foi dirigido aos líderes das nações árabes e focado quase inteiramente na crise global do terrorismo radical islâmico. Trump apresentou aos líderes presentes e àqueles que escutavam remotamente uma escolha clara: continue no caminho atual ou opte por trabalhar com os Estados Unidos para acabar com o terrorismo radical islâmico e as ideologias que lhes permitem prosperar.
“É uma escolha entre dois futuros – e é uma escolha que a América NÃO PODE fazer por vocês”, disse Trump, com ênfase baseada na transcrição oficial. “Um futuro melhor só é possível se suas nações expulsarem os terroristas e os extremistas. … EXPULSEM-NOS de seus locais de culto. EXPULSEM-NOS de suas comunidades. EXPULSEM-NOS de sua terra sagrada e EXPULSEM-NOS DESTA TERRA.”
A disposição da Arábia Saudita para trabalhar com Trump já era evidente durante a visita de Estado. Após o discurso, Trump assistiu à inauguração do oportunamente nomeado “Centro Global de Combate à Ideologia Extremista”.
Parece que a cooperação da Arábia Saudita pode ser atribuída à capacidade negociadora de Trump. A economia saudita baseada no petróleo tem mostrado sinais de declínio por vários anos. Em 4 de novembro, Trump escreveu no Twitter que apoiaria a Arábia Saudita na listagem de sua empresa estatal de petróleo, a Aramco, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
A listagem vincularia os lucros do mercado de petróleo saudita com o dólar, provavelmente garantindo estabilidade para a economia do país por décadas. E dado todos os passos que a Arábia Saudita tomou após a visita de Trump em maio, o convite para a NYSE poderia ser a maneira de Trump cumprir sua parte do acordo.
Republicado da NTD.tv