Empresário taiwanês atravessa país clandestinamente para evitar perseguição na China

O caso de Li é um entre muitos incidentes envolvendo empresários taiwaneses que foram vítimas de fraudes na China

24/01/2019 14:12 Atualizado: 24/01/2019 14:12

Por Frank Fang, Epoch Times

Um empresário taiwanês que estava trabalhando na China recentemente pagou a um contrabandista para retornar com segurança a Taiwan, a fim de escapar da perseguição das autoridades chinesas que o haviam acusado de cometer fraudes.

O empresário disse que depois que houve um desentendimento entre os executivos da empresa taiwanesa onde trabalhavam ele e alguns funcionários chineses, ele foi assediado por estes últimos.

O empresário de 46 anos, que se identificou apenas como Li, entregou-se à polícia em 19 de janeiro em uma delegacia em Sanxia, um dos distritos da Nova Cidade de Taipei, em Taiwan, contando como havia entrado ilegalmente no país para evitar a perseguição chinesa, conforme relatado pelo jornal taiwanês Apple Daily.

Ele disse que pagou 470 mil novos dólares taiwaneses (U$S 15.218) para viajar em um barco de pesca em Quanzhou, cidade portuária da província de Fujian, que se dirigia ao arquipélago de Penghu controlado por Taiwan e localizado no Estreito China-Taiwan. Ele embarcou às 09:30 da manhã em 21 de dezembro de 2018 e chegou a Penghu 12 horas depois.

De acordo com Li, o motivo de tomar medidas tão drásticas para retornar ao seu país foi devido à forma como foi maltratado na China.

Li disse à polícia que em 9 de outubro de 2018, ele foi à China numa viagem de negócios em nome de seu empregador, que se dedica à compra e venda de lixo eletrônico. Ele afirma que, assim que desembarcou na China, foi preso sob a acusação de fraude.

No dia seguinte, ele foi enviado para um centro de detenção na cidade de Dongguan, província de Guangdong, no sul da China. Não permitiram que ele saísse sob fiança até cerca de um mês depois, em 6 de novembro. Li disse que, imediatamente depois de ser libertado, ao sair pela porta, ele foi surpreendido por um grupo de oficiais chineses, que o levaram para outro local no distrito de Panyu, na cidade vizinha de Guangzhou, e ali o mantiveram preso.

Li disse que acabou saindo novamente sob fiança, depois que sua esposa em Taiwan mandou seu advogado pagar um suborno de 940 mil novos dólares taiwaneses (U$S 30.428) para autoridades chinesas não identificadas. O tribunal local estipulou sua fiança em 4.700 novos dólares taiwaneses (US$ 152).

No entanto, Li disse que seu calvário não acabou ali. Quando tentou embarcar em um avião para retornar a Taiwan, os funcionários da alfândega chinesa não permitiram que ele embarcasse alegando que, enquanto seu caso estivesse pendente, ele não podia sair.

Com medo de ser preso novamente, Li decidiu arriscar voltar para Taiwan com a ajuda de um contrabandista de seres humanos.

O caso de Li é um entre muitos incidentes envolvendo empresários taiwaneses que foram vítimas de fraudes na China — às vezes incriminados por autoridades do regime chinês.

Kao Wei-pang, fundador da Associação de Vítimas Taiwanesas de Fraudes na China, em uma entrevista realizada em novembro de 2018, disse à edição taiwanesa do Epoch Times que no final de 2017 havia mais de 70 mil casos de empresários taiwaneses que apresentaram queixa no Escritório de Assuntos de Taiwan, uma agência administrativa subordinada ao Conselho de Estado chinês que trata de assuntos relacionados a Taiwan.

Kao estima que as perdas sofridas por empresários e empresárias taiwaneses totalizam pelo menos 1 trilhão de novos dólares taiwaneses (US$ 32,36 bilhões), mas que ninguém conseguiu recuperar seus fundos perdidos.

Um caso proeminente ocorreu em 2008, quando a empresária taiwanesa Ding Xuyun gastou 50 milhões de iuanes (US$ 7,8 milhões) para comprar 10,1 milhões de ações da produtora chinesa de jóias Eastern Gold Jade Company para Wu Zhengxin, residente da província de Hebei.

Wu voltou atrás depois de ver o aumento do preço do ouro, e decidiu então se aliar a um tabelião para produzir documentos falsos a fim de “provar” que as ações lhe pertenciam. Ele então leiloou as ações que seriam de Ding.

Ding nunca recuperou seu prejuízo, apesar de pedir a ajuda do Escritório de Assuntos de Taiwan.