A votação para as eleições presidenciais venezuelanas, que ocorre no domingo (28), recebe críticas de políticos oposicionistas às autoridades eleitorais do país. Dentre as denúncias, está a aparição do atual postulante à reeleição, Nicolás Maduro, por 13 vezes nas cédulas de votação – enquanto o diplomata Edmundo González, favorito na maioria das pesquisas, aparece 3 vezes.
A alegação apresentada pela campanha de Maduro é a de que o número representa as organizações políticas apoiadoras das respectivas candidaturas. O atual mandatário ocupa toda a primeira das quatro fileiras, no documento de votação.
A cédula deste ano mostra 38 fotos de postulantes ao cargo máximo do país. Outros nove candidatos aparecem no documento.
No posicionamento de opositores, a intenção da cédula é confundir os eleitores e criar empecilhos para uma eleição presidencial livre.
Adversários também criticam o design da cédula, bem como as cores. Alguns partidos usam exatamente as mesmas tonalidades dos apoiadores de Maduro, enquanto a um candidato independente foi permitido apresentar cores similares às de concorrentes oposicionistas.
Outra queixa é a designação de uma única urna para determinados locais onde os votos serão efetuados. De acordo com dados oficiais, dos 15.797 postos de votação em todo o país, pelo menos 8.000 terão somente uma urna – num aumento de 1.200, se comparados aos 6.800 locais na eleição presidencial passada, em 2018.
Neste ano, aproximadamente 3,9 milhões de eleitores devem votar em espaços com urna única. Conforme a ONG Transparência Eleitoral, com mais votos sendo depositados em cada urna, esses locais são considerados mais difíceis de monitorar possíveis fraudes. Além disso, a utilização de urnas únicas tende a desacelerar o processo de votação e causar filas mais longas, de acordo com opositores.
Somados aos cerca de 17 milhões de eleitores aptos para votar neste domingo dentro da Venezuela, outros 4 milhões de venezuelanos residentes no exterior estão registrados para eleger o próximo presidente.
No entanto, apenas em torno de 69 mil moradores em outros países atenderam aos requisitos impostos pelo regime para poderem votar. Ou seja, é estimado que 1,72% dos eleitores que vivem no exterior foram autorizados a escolher seus candidatos.
Aliado de Maduro, o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, culpa os Estados Unidos e meios de comunicação, por supostamente quererem prejudicar o pleito com “publicação de informações falsas que desestabilizam o país”.
Já o chefe da consultoria Polity, John Magdaleno, explica que a engenharia eleitoral venezuelana é projetada para reunir eleitores em locais de votação com uma única urna, na tentativa de alterar os termos da competição eleitoral.
Nas palavras do líder da consultoria com sede na Venezuela, essa prática é comum nas autocracias e produz aumento de dúvidas no processo eleitoral. “Mais incerteza serve ao regime autoritário”, acrescenta Magdaleno.
A votação começa às 7h e termina às 19h, no horário de Brasília. Os resultados devem ser comunicados entre o domingo e a madrugada de segunda-feira.