Por Janita Kan, Epoch Times
O país latino-americano anunciou na segunda-feira (20), em um discurso televisivo transmitido em cadeia nacional, sua decisão de romper relações com Taiwan e, em seu lugar, estabelecer laços com o Partido Comunista Chinês (PCC).
A decisão provocou protestos de Taiwan e dos Estados Unidos. Em resposta, o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, afirmou que o país não participará de uma “competição monetária” com o PCC.
Ele também acusou a nação latino-americana de pedir desde o ano passado “apoio financeiro significativo” continuamente para desenvolvimento portuário, que depois de avaliado, Taiwan considerou um “projeto inadequado”. Não se sabe ainda se o PCC ofereceu alguma ajuda específica ou incentivo econômico para El Salvador.
Em uma entrevista realizada na terça-feira (21), o porta-voz presidencial Roberto Lorenzana negou as acusações e disse que a decisão de trocar de aliado foi tomada devido às vantagens econômicas de se negociar com a China. Ele observou que o investimento e o desenvolvimento da economia são alvos-chave por trás dessa decisão.
“Essa decisão foi tomada fundamentalmente no interesse de apostar no crescimento do nosso país através das relações com uma das economias mais fortes do mundo”, observou. “El Salvador não pode dar as costas à realidade internacional”.
Durante o anúncio inicial, o presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, declarou que a decisão de se aproximar do regime comunista foi tomada após um estudo “cuidadoso”. Ele acrescentou que estava convencido de que esse é um passo na direção certa, porque “corresponde aos princípios do direito internacional das relações internacionais e às tendências inevitáveis do nosso tempo”.
Entretanto, a presidente Tsai Ing-wen culpou a pressão do PCC pela decisão de El Salvador em uma coletiva de imprensa na terça-feira, alegando que esse é outro exemplo de como o regime chinês tenta exercer pressão sobre Taiwan para reduzir o reconhecimento internacional da nação insular.
“Nós nos dirigiremos aos países com valores semelhantes para lutar juntos contra o comportamento internacional cada vez mais descontrolado da China”, disse Tsai.
Resposta dos Estados Unidos
Com o que aconteceu em 20 de agosto, Taiwan ficou com apenas 17 aliados. El Salvador foi o terceiro país latino-americano nos últimos dois anos a romper relações com a nação insular. O Panamá trocou Taiwan pela China em 2017, e Burkina Faso e República Dominicana fizeram o mesmo no início deste ano.
Taiwan é uma democracia plena com sua própria constituição, funcionários eleitos e exército. Pequim considera a nação insular como uma província renegada que um dia se juntará ao continente, pela força militar se necessário.
O regime chinês estabeleceu alianças estratégicas com nações que tiveram relações diplomáticas com Taiwan — concedendo grandes somas de dinheiro na forma de empréstimos e investimentos — como uma maneira de pressioná-las para que reconheçam somente “uma China”.
A embaixadora dos Estados Unidos em El Salvador, Jean Manes, disse em um tuíte na terça-feira que a decisão de El Salvador é “preocupante por muitas razões”. Ela acrescentou que a decisão “vai certamente impactar nossa relação com o governo”.
Os Estados Unidos mantêm relações não-oficiais com Taiwan, uma fonte de tensão para o PCC.
EE.UU está analizando la decisión de #ElSalvador. Es preocupante por muchas razones, entre las que se incluye romper una relación de más de 80 años con #Taiwán. Sin duda, esto impactará nuestra relación con el gobierno. Seguimos apoyando al pueblo salvadoreño.
— Jean Manes (@USAmbSV) August 21, 2018
Após o anúncio, o senador da Flórida Marco Rubio afirmou em um tuíte que haverá “consequências reais” se El Salvador romper laços com Taiwan.
“Eles pensam que vamos reagir da mesma forma que fizemos com o Panamá e a República Dominicana. Eles estão muito enganados”, tuitou.
Em um tuíte posterior escreveu que, juntamente com o senador do Colorado Cory Gardner, irá elaborar uma emenda para acabar com a ajuda externa a El Salvador em resposta à decisão.
“Eu me uni ao senador Cory Gardner na preparação de uma emenda para acabar com a ajuda externa a El Salvador, depois que seu governo esquerdista decidiu abandonar Taiwan em favor da China. Eu também falei há alguns minutos com Donald Trump sobre o fim da ajuda”, escreveu ele.
I have joined @SenCoryGardner in an amendment to end foreign aid to #ElSalvador after their leftist government decided to abandon #Taiwan in favor of #China. I also spoke to @realdonaldtrump about cutting off their aid just a few minutes ago.
— Marco Rubio (@marcorubio) August 21, 2018
Colaboraram: Frank Fang, repórter do Epoch Times, e Reuters