Por João Luiz Mauad, Instituto Liberal
Estão vendo essa garotinha aí? É a nova musa dos ambientalistas. Ela é bem articulada e bastante envolvente: “Sem uma ação drástica, arriscamos o fim da civilização como a conhecemos” – disse ela recentemente a uma platéia extasiada, que incluía alguns dos políticos mais importantes da Grã-Bretanha.
Esta foi apenas a última parada de uma jornada extraordinária, que viu a jovem sueca, a partir da organização de greves escolares pelo clima do planeta, em sua cidade natal, Estocolmo, ganhar o mundo para discursar na Conferência do Clima na Polônia, no Fórum Econômico de Davos, no Parlamento Europeu e numa audiência com o Papa.
A pequena Greta Thunberg também foi nomeada pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo e já foi devidamente indicada ao Prêmio Nobel da Paz.
Sua repentina celebridade não vem tanto do que ela diz quanto da forma como ela parece incorporar a angústia de uma geração.
Sem dúvida, Greta Thunberg é uma menina impressionante – articulada, persuasiva e com um dom extraordinário para a criação de frases – se é que é ela quem as cria. Sua mensagem é perfeitamente adaptada à era da internet: direta, radical e dramática, muito dramática.
A mitologia em volta dela também é grande. De acordo com sua mãe, Malena Ernman, Greta, de apenas 16 anos, pode ver o CO2 a olho nu. Ela diz isso no livro que escreveu para contar a saga da filha em defesa do planeta. (Isso, evidentemente, é uma impossibilidade física. O dióxido de carbono é um gás incolor e inodoro. Também não reflete nem absorve qualquer luz dentro do espectro de luz que os humanos possam ver).
A “eco-profetiza” mirim não costuma economizar no catastrofismo: “Por volta do ano de 2030”, diz ela, “estaremos em uma posição em que desencadearemos uma reação em cadeia irreversível além do controle humano, que provavelmente levará ao fim de nossa civilização como a conhecemos. Ou seja, a menos que nesse tempo, mudanças permanentes e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade tenham ocorrido.”
Em muitos aspectos, a heroína Greta parece ecoar o tom trágico do arqui-vilão Thanos, de “Os Vingadores”: “O universo é finito. Seus recursos, finitos. Se a vida for deixada sem controle, a vida deixará de existir.”
Thanos e Greta, no entanto, nada mais são do que bonecos de ventríloquo nas mãos dos modernos fundamentalistas malthusianos, como tantos outros no passado. Falta-lhes um mínimo de conhecimento histórico e científico sobre a saga do ser humano na Terra.
A expectativa de vida do ser humano hoje, por exemplo, é 2,5 vezes superior ao que era antes do advento da Revolução Industrial. Não seria exagero dizer que, atualmente, há abundância de alimentos, remédios e inúmeras outras facilidades derivadas, principalmente, do desenvolvimento tecnológico acelerado havido nos últimos dois séculos. Há 250 anos, nem mesmo o mais visionário dos ficcionistas poderia conceber que tantos homens estariam convivendo no mundo, em relativa harmonia e muito mais conforto do que era possível imaginar naquele tempo.
Apesar dessas evidências, há pessoas que insistem em maldizer o progresso humano. Essa gente que vê na agricultura intensiva e mecanizada – atividade sem a qual, muito provavelmente, seria praticamente impossível alimentar um contingente tão numeroso – apenas uma ameaça ao meio ambiente. Na sua visão doentia e deturpada da realidade, os automóveis e os aviões estão destruindo a atmosfera e as indústrias irão transformar o planeta num enorme e estéril deserto. Psicopatas crônicos enxergam cada nova descoberta tecnológica como uma ameaça macabra.
Não se conhece, por exemplo, qualquer forma de energia economicamente viável que os ecologistas aprovem. Eles se opõem ao petróleo, ao gás, ao carvão, às hidroelétricas e à energia nuclear. Concordam apenas com as matrizes eólica e solar, que juntas seriam capazes de produzir uma quantidade ínfima do que se consome atualmente no mundo.
Não tenho dúvidas de que o principal objetivo dos ambientalistas é muito menos limpar o ar, as águas ou conter o aquecimento do que demolir a civilização industrial. Eles não visam à melhoria das condições de saúde da humanidade, mas à implantação de um modelo onde a natureza deve ser adorada como uma entidade sagrada, intocável, a exemplo de alguns totens idolatrados por povos primitivos.
A “Mãe Natureza”, segundo os fundamentalistas do meio ambiente, tem um valor “intrínseco” e deve ser venerada acima de qualquer coisa, inclusive do bem estar humano. Como consequência desse dogmatismo, o homem deve abster-se de utilizar a natureza visando ao benefício ou ao conforto próprio. Tratando-se de uma entidade supostamente divina, qualquer ação humana que provoque mudanças no ambiente original seria, necessariamente, imoral.
João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo
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