Por EFE
Bogotá, 20 jan – O presidente da Colômbia, Iván Duque, denunciou nesta segunda-feira, em Bogotá, a presença na Venezuela de células do Hezbollah, considerado terrorista por Estados Unidos e União Europeia (UE), e disse que o grupo xiita libanês tem o apoio do governo de Nicolás Maduro.
“Temos visto a presença de células do Hezbollah em países como a Venezuela, com o consentimento e a conivência da ditadura de Nicolas Maduro”, acusou Duque durante a abertura da 3ª Conferência Ministerial Hemisférica de Combate ao Terrorismo.
A reunião em Bogotá conta com representantes de mais de 20 países da América, entre eles o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o presidente da Assembleia Nacional (Parlamento) da Venezuela, Juan Guaidó, líder da oposição e autoproclamado presidente do país.
ELN E DISSIDÊNCIAS
Duque disse que membros da guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que não aderiram ao acordo de paz com o governo colombiano também se refugiam na Venezuela.
“A tirania e a ditadura de Nicolás Maduro abriga grupos terroristas em seu território, como o ELN e os dissidentes das Farc”, denunciou.
Segundo o presidente, esses grupos “estão recrutando crianças, traficando armas e planejando ataques contra diferentes comunidades”, incluindo líderes sociais, dos quais cerca de 20 foram mortos no país neste ano.
Pompeo concordou com Duque que o regime de Maduro recebeu e apoiou grupos como o ELN e os dissidentes das Farc, assim como o Hezbollah, que ele chamou de “a ala armada do regime do Irã”.
“Isto não é aceitável”, disse o secretário de Estado dos EUA.
Por esta razão, Duque pediu para que os participantes da conferência “adotem todas as resoluções emanadas do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, especialmente a 1373, sobre a qual falou que “é muito claro e contundente que nenhum Estado pode ser autorizado a promover, abrigar, patrocinar ou facilitar atividades terroristas em seu território”.
LISTAS DE ORGANIZAÇÕES TERRORISTAS
Por outro lado, o presidente revelou que o governo colombiano adotou as listas dos Estados Unidos e da UE sobre organizações e indivíduos terroristas, o que fortalecerá a cooperação jurídica internacional e a luta contra grupos armados ilegais.
“Nesta coordenação necessária devemos harmonizar as listas internacionais que existem para identificar grupos terroristas”, disse Duque.
O mandatário colombiano garantiu que essa decisão foi tomada durante uma reunião do Conselho Nacional de Segurança, realizada em 17 de janeiro, na qual as listas de terroristas de EUA e UE foram aprovadas por unanimidade.
Na opinião de Duque, com isso o país poderá “fortalecer a forma como compartilha informações e como enfrenta” essas organizações criminosas.
“Claramente, isso nos permitirá detectar células do Hezbollah, do Estado Islâmico e da Al Qaeda, mas também do ELN e de dissidentes (das Farc). Para a Colômbia, avançar nessa direção significa abrir a todos os países presentes a possibilidade de receber informações em tempo real”, comentou.
A reunião de Bogotá começou no domingo com uma sessão na qual especialistas discutiram estratégias para a prevenção do terrorismo, as obrigações dos Estados de cumprir as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e outros acordos internacionais.
Participaram da reunião ministros ou representantes de Brasil, Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Santa Lúcia, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela, além de observadores de Espanha e Israel.