Um dossiê que continha desinformação russa sobre Donald Trump, e que foi pago pela campanha de Hillary Clinton e pelo Comitê Nacional Democrata, foi usado pelo FBI para obter autorização para espionar a equipe do candidato presidencial Donald Trump, relatou um premiado repórter de segurança nacional.
Citando várias fontes, Sara Carter escreveu em seu website que o Departamento Federal de Investigação (FBI) usou o dossiê, juntamente com outras evidências, para obter uma autorização do Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira para espionar os membros da equipe de Trump.
Carter escreveu que o FBI usou o dossiê como evidência, apesar de uma grande parte da informação contida no dossiê ter sido comprovada como errada ou infundada.
O dossiê, que foi produzido por uma empresa de inteligência baseada em Washington, a Fusion GPS, depende quase que exclusivamente de fontes ligadas ao Kremlin e foi descrito por especialistas como uma campanha russa de desinformação.
O mandato judicial obtido pelo FBI foi usado pelos principais funcionários do governo de Obama para espionar a equipe de Trump e potencialmente o próprio Trump, durante e após as eleições.
Na época, Susan Rice, a assessora de segurança nacional do presidente Obama e sua embaixadora na ONU, Samantha Power, fizeram dezenas de pedidos de “desmascaramento” sobre a identidade dos membros da equipe de Trump, pedindo que fossem fornecidas transcrições de conversas nas quais eles participaram, incluindo seus nomes não riscados, como normalmente seria feito.
O monitoramento das comunicações da equipe de transição e de campanha de Trump suscita sérias preocupações sobre se a informação foi usada para fins políticos para apoiar Hillary Clinton durante a campanha ou para interferir no processo de transição depois que Trump foi eleito.
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Obama endossou Clinton durante a campanha e foi um apoiador sem reservas dela na campanha.
O Comitê de Inteligência da Câmara, presidido por Devin Nunes, está atualmente trabalhando para determinar o papel que o dossiê desempenhou durante as eleições de 2016, inclusive se ele foi usado para obter o mandado da Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA, na sigla em inglês).
O comitê também está investigando a relação entre o FBI e a Fusion GPS, e se o dossiê Trump formou a base da abertura de uma investigação sobre Donald Trump.
A partir da informação limitada conhecida até agora, parece que o FBI abriu sua investigação sobre Trump em julho de 2016, no mesmo mês em que Christopher Steele, o ex-espião britânico contratado pelo Fusion GPS para produzir o dossiê, estava em comunicação com agentes do FBI.
Documentos judiciais do Reino Unido, onde Steele está sendo processado por difamação por um empresário russo mencionado no dossiê, mostram que ele também foi instruído pela Fusion GPS para fazer pelo menos duas exposições sobre o conteúdo do dossiê para grandes organizações de mídia, incluindo o New York Times, CNN e Yahoo News.
Na semana passada, um tribunal federal ordenou à Fusion GPS que entregasse seus registros bancários ao comitê da Câmara. O comitê buscou os registros bancários em parte porque eles mostram os pagamentos da Fusion GPS para jornalistas.
De particular interesse para o comitê da Câmara são as mensagens de texto enviadas entre o agente do FBI que inicialmente liderou a investigação sobre Trump, Peter Strzok, e uma advogada do FBI, Lisa Page.
As quase 10 mil mensagens entre eles, que o Departamento de Justiça (DOJ) obteve, revelam um forte preconceito contra o então candidato Trump, bem como uma discussão sobre como impedir que ele fosse eleito.
Numa dessas mensagens de texto que Strzok enviou a Page, ele escreveu: “Eu quero acreditar no caminho que você expôs para consideração no escritório de Andy, que não haja como ele ser eleito, mas eu receio que não possamos correr esse risco. Isso é como uma apólice de seguro no evento improvável que você morra antes de completar 40 anos.”
Na semana passada, Nunes chegou a um acordo com o DOJ para fornecer a sua comissão todas as mensagens de texto, bem como outros documentos e entrevistas de testemunhas relacionadas à GPS Fusion.
Também sendo investigado está Bruce Ohr, um funcionário do DOJ que atuou como vice-procurador-geral associado antes de ser rebaixado depois que foi revelado que ele ocultou várias reuniões que teve com os funcionários da Fusion GPS durante as eleições.
Nellie Ohr, a esposa de Bruce Ohr, também trabalhou para a Fusion GPS durante esse período fazendo pesquisas sobre Trump.
Apesar de mais de um ano de investigações múltiplas no Congresso, bem como pelas agências de inteligência, nenhuma evidência de colusão foi encontrada entre Trump ou sua campanha e os russos para influenciar as eleições.
James Clapper, o ex-diretor de inteligência nacional, foi perguntado pelo jornalista e apresentador Chuck Todd da MSNBC em 5 de março de 2017 se havia alguma evidência de colusão.
“Não que seja do meu conhecimento”, disse ele.
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