Por Anastasia Gubin, Epoch Times
Material contendo fragmentos da vida passada do presidente Andrés Manuel López Obrador, supostamente elaborado por órgãos de inteligência mexicanas, veio a público depois que o mesmo presidente assinou um decreto.
O documento faz parte dos arquivos de inteligência sobre figuras públicas do Departamento de Investigação Estrangeira da Direção de Segurança Federal (DFS) e do Centro de Investigação e Segurança Nacional (CISEN), que o presidente fechou em 1º de dezembro quando assumiu o poder.
Neles, os investigadores destacam as críticas ao seu desempenho como líder por ajudar a difundir o marxismo e o leninismo, em vez do desenvolvimento da população, e sua estreita relação com o Partido Comunista. No texto, um militante o acusa de ser um divisor e traidor de seu grupo político e das classes marginais.
“Andrés Manuel López Obrador, de 35 anos e originário da cidade de Tepetitán, município de Macuspana, atualmente reside na Cidade do México (…) foi um defensor do PSUM-PCM (Partido Socialista Unificado – Partido Comunista do México); em 1976 ele se juntou ao PRI”, diz o relatório a que teve acesso a Infobae.
Deve-se lembrar que o PCM desapareceu depois de se unir em uma facção do PRI de Cuahtémoc Cárdenas, uma personalidade política com a qual López Obrador e Porfirio Muñoz Ledo fundaram em 1989 o Partido Revolucionário Democrático, reunindo a União da Esquerda Comunista, o Partido dos Trabalhadores Mexicanos, o PSUM e militantes que promoviam ideias totalitárias do marxismo e do leninismo.
Em uma página se comenta que López Obrador em 1975 retornou do Distrito Federal a Tabasco para assumir o governo de Leandro Rovirosa, como delegado do Instituto Nacional Indígena (INI), e que ao tomar posse, nomeou membros do Partido dos Trabalhadores Mexicanos e do Partido Comunista do México.
“Nenhum eles nunca promoveu uma organização para o desenvolvimento, mas apenas se dedicaram a politizar os camponeses sob a orientação marxista-leninista”, aponta o documento.
Segundo o El Universal, que teve acesso às páginas sobre López Obrador, o presidente foi investigado entre 1980 e 1983 quando desempenhou o papel de delegado do INI e depois líder do PRI em Tabasco.
Em certo trecho menciona-se que um investigador se infiltrou em uma reunião de militantes do Partido Socialista Unificado (PSUM) em 1983 e apontou que sobre López Obrador diziam que “ele tenta tornar o PRI mais progressista”.
Em outra reunião da qual se teve conhecimento o líder Rodolfo Lira Rivera, do PSUM, reclamou de López Obrador por considerar que ele havia provocado uma divisão no grupo político.
“Ele produziu um esfriamento nos trabalhos políticos no estado, já que a posição política desses ativistas teve efeitos danosos para o movimento comunista da entidade, e que agora as opiniões foram divididas, alguns dizem que a atitude do presidente do PRI, Andrés Manuel López Obrador, é totalmente contrária ao PSUM, outros dizem que se trata de tornar o PRI mais progressista e revolucionário”, disse Rivera.
“Em todas essas conjeturas existe uma realidade e é a que força Andrés Manuel López Obrador a ser identificado como um traidor do PSUM e da classe marginalizada, já que esse político sem ideologia definida nada mais é do que um mecanismo usado pelo atual regime de governo para diminuir a força do partido mais importante da oposição, como é o PSUM no estado “.
Em outra seção menciona-se que López Obrador, quando era presidente do Comitê Gestor Estadual do PRI, enfrentou reclamações pela falta de cumprimento de promessas de mais de oito anos. Em uma reunião realizada em uma fazenda em Cárdenas, Tabasco, o presidente do Comitê disse que eles estavam dispostos a fechar as estradas para Pemex em direção aos poços.
López Obrador respondeu: “tenham paciência”.
Além disso, o arquivo menciona que enquanto López Obrador era um líder do PRI “, ele conseguiu comprar uma fazenda rústica localizada nas proximidades de Palenque, Chiapas, sendo atualmente o administrador José Martínez Matero e que também tem cabeças de gado no ranchos de seus tios Esteban e José Obrador, que têm fazendas separadas um pouco mais distantes, em um lugar chamado Maluco, município de Macuspana, Tabasco”.
Os arquivos que incluíam dados de inúmeras personalidades, incluindo Che Guevara, estavam sob reserva no Palácio de Lecumberri, na Cidade do México, usado como prisão até 1976 e depois como sede do Arquivo Geral da Nação.
Segundo López Obrador, a compilação de informações sobre figuras públicas foi “uma fase negra na vida pública do país”.
Sobre o Partido Comunista e o apoio ao marxismo e ao leninismo, ele apenas explicou que “não era membro do Partido Comunista, mas apoiava os combatentes sociais”.