Dissidência está crescendo em Pyongyang, afirma ex-funcionário norte-coreano

19/10/2017 13:02 Atualizado: 19/10/2017 13:02

Um desertor norte-coreano, funcionário de alto escalão do governo, lançou luz sobre a brutalidade do regime de Kim Jong-un e suas políticas econômicas fracassadas.

Em sua primeira aparição pública nos Estados Unidos desde sua saída da Coreia do Norte em 2014, o ex-funcionário norte-coreano Ri Jong Ho disse que a dissidência está aumentando entre as posições mais altas da liderança da Coreia do Norte.

Ri disse que ele e sua família fugiram para a Coreia do Sul depois da crescente desilusão com o regime comunista.

Ele acrescentou que os líderes norte-coreanos estão preocupados com os expurgos e as execuções violentas do regime de Kim.

“Nessas ocasiões, o governo diz que nem serão enterrados. Eles atiram em tantos lugares que não sobra muito corpo após o tiroteio”, disse Ri em um evento organizado pela Asia Society.

Milhares de funcionários da Coreia do Norte foram mortos nos últimos anos.

Ri observou que muitos dos líderes da alta cúpula da Coreia do Norte que eram leais ao ex-ditador Kim Jong-il, ficaram desapontados com o governo de seu filho, Kim Jong-un.

“Temos que encontrar esperança em outro lugar, temos que encontrar um futuro, é por isso que minha família e eu decidimos desertar”, disse ele.

Ao mesmo tempo, o acesso de Kim Jong-un às divisas estrangeiras está extremamente limitado graças às novas sanções internacionais. Kim confia no dinheiro para manter os principais comandos satisfeitos.

Como parte de seu trabalho na Coreia do Norte, Ri foi enviado à China como chefe da Corporação de Comércio Daehung da Coreia, administrada pelo chamado Escritório 39, uma organização clandestina sob controle direto da família Kim.

Isso deu a Ri uma visão única sobre o funcionamento interno da economia norte-coreana.

“Eu estive no centro dos acontecimentos na Coreia do Norte durante 30 anos e posso ver a economia da Coreia do Norte na palma da minha mão”, disse Ri.

Segundo Ri, a economia da Coreia do Norte já havia entrado em colapso na década de 1990 e continua piorando.

“As indústrias de aço e metal pararam, elas não funcionam. Todos os produtos que requerem aço também pararam”, disse Ri.

Atualmente, quase não há produção de energia elétrica na Coreia do Norte, deixando fábricas sem eletricidade e lares que lutam para sobreviver.

“Os líderes norte-coreanos não deveriam investir seu dinheiro em testes nucleares ou mísseis, mas usá-lo para desenvolver a economia”, acrescentou. “As pessoas também sentem o mesmo, estão desesperadas para obter eletricidade, para utilizá-la na agricultura”.

A situação piorou graças à deterioração das relações entre Pyongyang e Pequim. A Coreia do Norte depende da China em 90% do seu comércio.

Sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a China intensificou sua pressão sobre a Coreia do Norte. No mês passado, o regime chinês votou a favor de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que impõe novas sanções ao governo de Kim em resposta a um sexto teste nuclear subterrâneo.

Pequim também impôs sanções adicionais, ordenando que os bancos chineses deixassem de fornecer financiamento à Coreia do Norte e ordenando o fechamento de empresas norte-coreanas que operam na China em um prazo de 120 dias.

“Não sei se a Coreia do Norte vai sobreviver por mais um ano (sob) essas sanções”, acrescentou Ri.

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