Disputas entre pequenas empresas em grandes plataformas tecnológicas disparam 86% na Austrália, afirma Ombudsman

O Ombudsman de Pequenas Empresas e Empresas Familiares da Austrália afirma que plataformas digitais como Facebook e Amazon precisam "melhorar urgentemente suas práticas".

Por Rex Widerstrom
16/10/2024 17:25 Atualizado: 16/10/2024 17:27
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

As disputas de pequenas empresas com grandes plataformas de tecnologia aumentaram 86% no último ano, de acordo com Bruce Billson, Ombudsman da Australian Small Business and Family Enterprise (ASBFEO – Pequenas Empresas e Empresas Familiares Australianas, em tradução).

Um ombudsman é um mediador ou representante designado para investigar e resolver queixas ou disputas judiciais entre o público ou grupos específicos (como pequenas empresas) e organizações ou instituições, sejam elas públicas ou privadas.

Os piores infratores foram as plataformas pertencentes à Meta—Facebook e Instagram—que responderam por 73% de todas as disputas nos últimos três meses. Quase dois terços desses casos estavam relacionados ao hacking de contas.

O aplicativo de transporte Uber representou 17% dos incidentes, com uma em cada quatro disputas envolvendo motoristas que não receberam pagamento.

Billson disse que, nos últimos dois anos, o número de pequenas e médias empresas que sofreram alguma interrupção em uma plataforma digital mais que dobrou.

“Seja no Facebook, Instagram, Uber, Amazon, eBay, Shopify ou qualquer outro provedor de plataforma digital, pequenas e médias empresas estão sendo prejudicadas quando precisam de ajuda”, ele afirmou em um comunicado.

“As plataformas digitais mudaram fundamentalmente a maneira como pequenas empresas se conectam e vendem para seus clientes. Mas, quando há um problema, como ter sua conta desativada após ser hackeada, resolvê-lo pode ser um pesadelo”.

Em vez de resolver as questões com seus próprios recursos, as grandes corporações de tecnologia colocam a responsabilidade sobre as pequenas empresas, que não têm tempo ou recursos para “navegar no mais elaborado labirinto de becos sem saída e bloqueios”, disse Billson.

Frequentemente, as pessoas com um problema são informadas de que precisam fazer login na conta para avisar à plataforma que não conseguem acessar a própria conta.

“Para citar John McEnroe: ‘Você não pode estar falando sério!’” concluiu Billson.

Australian Small Business and Family Enterprise Ombudsman Bruce Billson (Hoang Dinh Nam/AFP via Getty Images)
Provedor de Justiça Australiano para Pequenas Empresas e Empresas Familiares, Bruce Billson (Hoang Dinh Nam/AFP via Getty Images)

Ele pediu que as plataformas digitais melhorem suas práticas.

“As pequenas empresas nos dizem que pode levar muitos meses para resolver uma disputa e retomar as atividades. Algumas nos disseram que esses atrasos custaram milhares de dólares. O ponto em comum é que os proprietários de pequenas empresas e autônomos ficam devastados pela suspensão repentina e inesperada de suas contas, sem um caminho claro para resolver o problema.

“As grandes plataformas digitais precisam melhorar urgentemente e oferecer ajuda clara, apropriada e de fácil acesso para as pequenas empresas—com uma pessoa real com quem possam falar”.

Ele disse que, quando os donos de pequenas empresas recorrem ao seu escritório, já estão “sobrecarregados e estressados”, e muitas vezes a disputa agravou as pressões existentes da economia, como o aumento do custo de vida.

“Muitas vezes, as pequenas empresas assistem impotentes ao dano financeiro e emocional acontecendo em tempo real, sem nenhuma capacidade de impedi-lo. Se um cartão de crédito vinculado à conta da empresa for usado por um hacker, ou o hacker acessar os dados dos clientes pela conta, a empresa perde clientes e dinheiro.

“Ter outra pessoa acessando e controlando sua conta é devastador para o negócio e sua reputação. Algumas nunca se recuperam”, disse Billson.

Ele pediu que as plataformas digitais fossem obrigadas a implementar procedimentos transparentes e padronizados para resolver disputas de pequenas empresas, como parte das 14 Etapas para Energizar o Empreendedorismo, recentemente lançadas pelo escritório do Ombudsman.

As plataformas digitais também devem promover a resolução externa de disputas e ter contatos dedicados para agências como o ASBFEO.

Dicas de prevenção

O Ombudsman também produziu um Guia para o Uso Seguro das Redes Sociais, que inclui dicas para pequenas e médias empresas sobre como reduzir o risco de serem hackeadas e os passos a seguir caso isso ocorra.

“Trate a segurança do seu negócio online como trataria a de uma loja, fábrica ou sua casa”, aconselhou Billson.

“Você não deixaria as portas abertas quando não houvesse ninguém lá. E você não entregaria as chaves do seu negócio ou da sua casa a alguém que acabou de conhecer, então, só dê acesso à conta do seu negócio a pessoas de confiança. E lembre-se de que nem todos os usuários precisam de acesso total como administrador.

“Recomendamos fortemente que as pessoas ativem a autenticação multifator, mudem suas senhas com frequência, tenham outra forma de verificar sua identidade, façam backup regular de seus arquivos, ativem as atualizações de software e considerem o uso de eInvoicing ou PayID”, disse o Ombudsman.

De acordo com a Comissão Australiana de Concorrência e Consumidores, os australianos perderam cerca de US$ 2,74 bilhões para golpes online de todos os tipos em 2023.

Embora as perdas totais tenham diminuído 13,1%, o número de vítimas aumentou 18,5%, chegando a mais de 601 mil, em comparação a 2022. Houve aumentos nos relatos de perdas financeiras por golpes de phishing, redirecionamento de pagamentos e golpes de emprego.