Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
As disputas de pequenas empresas com grandes plataformas de tecnologia aumentaram 86% no último ano, de acordo com Bruce Billson, Ombudsman da Australian Small Business and Family Enterprise (ASBFEO – Pequenas Empresas e Empresas Familiares Australianas, em tradução).
Um ombudsman é um mediador ou representante designado para investigar e resolver queixas ou disputas judiciais entre o público ou grupos específicos (como pequenas empresas) e organizações ou instituições, sejam elas públicas ou privadas.
Os piores infratores foram as plataformas pertencentes à Meta—Facebook e Instagram—que responderam por 73% de todas as disputas nos últimos três meses. Quase dois terços desses casos estavam relacionados ao hacking de contas.
O aplicativo de transporte Uber representou 17% dos incidentes, com uma em cada quatro disputas envolvendo motoristas que não receberam pagamento.
Billson disse que, nos últimos dois anos, o número de pequenas e médias empresas que sofreram alguma interrupção em uma plataforma digital mais que dobrou.
“Seja no Facebook, Instagram, Uber, Amazon, eBay, Shopify ou qualquer outro provedor de plataforma digital, pequenas e médias empresas estão sendo prejudicadas quando precisam de ajuda”, ele afirmou em um comunicado.
“As plataformas digitais mudaram fundamentalmente a maneira como pequenas empresas se conectam e vendem para seus clientes. Mas, quando há um problema, como ter sua conta desativada após ser hackeada, resolvê-lo pode ser um pesadelo”.
Em vez de resolver as questões com seus próprios recursos, as grandes corporações de tecnologia colocam a responsabilidade sobre as pequenas empresas, que não têm tempo ou recursos para “navegar no mais elaborado labirinto de becos sem saída e bloqueios”, disse Billson.
Frequentemente, as pessoas com um problema são informadas de que precisam fazer login na conta para avisar à plataforma que não conseguem acessar a própria conta.
“Para citar John McEnroe: ‘Você não pode estar falando sério!’” concluiu Billson.
Ele pediu que as plataformas digitais melhorem suas práticas.
“As pequenas empresas nos dizem que pode levar muitos meses para resolver uma disputa e retomar as atividades. Algumas nos disseram que esses atrasos custaram milhares de dólares. O ponto em comum é que os proprietários de pequenas empresas e autônomos ficam devastados pela suspensão repentina e inesperada de suas contas, sem um caminho claro para resolver o problema.
“As grandes plataformas digitais precisam melhorar urgentemente e oferecer ajuda clara, apropriada e de fácil acesso para as pequenas empresas—com uma pessoa real com quem possam falar”.
Ele disse que, quando os donos de pequenas empresas recorrem ao seu escritório, já estão “sobrecarregados e estressados”, e muitas vezes a disputa agravou as pressões existentes da economia, como o aumento do custo de vida.
“Muitas vezes, as pequenas empresas assistem impotentes ao dano financeiro e emocional acontecendo em tempo real, sem nenhuma capacidade de impedi-lo. Se um cartão de crédito vinculado à conta da empresa for usado por um hacker, ou o hacker acessar os dados dos clientes pela conta, a empresa perde clientes e dinheiro.
“Ter outra pessoa acessando e controlando sua conta é devastador para o negócio e sua reputação. Algumas nunca se recuperam”, disse Billson.
Ele pediu que as plataformas digitais fossem obrigadas a implementar procedimentos transparentes e padronizados para resolver disputas de pequenas empresas, como parte das 14 Etapas para Energizar o Empreendedorismo, recentemente lançadas pelo escritório do Ombudsman.
As plataformas digitais também devem promover a resolução externa de disputas e ter contatos dedicados para agências como o ASBFEO.
Dicas de prevenção
O Ombudsman também produziu um Guia para o Uso Seguro das Redes Sociais, que inclui dicas para pequenas e médias empresas sobre como reduzir o risco de serem hackeadas e os passos a seguir caso isso ocorra.
“Trate a segurança do seu negócio online como trataria a de uma loja, fábrica ou sua casa”, aconselhou Billson.
“Você não deixaria as portas abertas quando não houvesse ninguém lá. E você não entregaria as chaves do seu negócio ou da sua casa a alguém que acabou de conhecer, então, só dê acesso à conta do seu negócio a pessoas de confiança. E lembre-se de que nem todos os usuários precisam de acesso total como administrador.
“Recomendamos fortemente que as pessoas ativem a autenticação multifator, mudem suas senhas com frequência, tenham outra forma de verificar sua identidade, façam backup regular de seus arquivos, ativem as atualizações de software e considerem o uso de eInvoicing ou PayID”, disse o Ombudsman.
De acordo com a Comissão Australiana de Concorrência e Consumidores, os australianos perderam cerca de US$ 2,74 bilhões para golpes online de todos os tipos em 2023.
Embora as perdas totais tenham diminuído 13,1%, o número de vítimas aumentou 18,5%, chegando a mais de 601 mil, em comparação a 2022. Houve aumentos nos relatos de perdas financeiras por golpes de phishing, redirecionamento de pagamentos e golpes de emprego.