Por Tom Ozimek
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse neste domingo no Fórum Global das Mulheres em Dubai, que o surto de coronavírus poderia prejudicar a economia mundial em 2020.
Em relação às possíveis conseqüências econômicas do coronavírus, Kristalina Georgieva disse que “ainda há muita incerteza”, informou a agência da AFP.
“Pode haver um corte que ainda esperamos estar na faixa de 0,1 a 0,2%”, disse a diretora-gerente do FMI, acrescentando que era muito cedo para fazer estimativas mais comprometidas.
“Aconselho a todos que não tirem conclusões prematuras. Ainda há muita incerteza. Operamos com cenários, não com projeções, pergunte-me em 10 dias”, acrescentou.
Mesmo assim, ela sugeriu que um certo nível de impacto econômico seja inevitável.
“Mesmo um mês de redução de atividade teria um impacto inevitável na China e parte disso se traduziria para o resto do mundo”, disse Georgieva à televisão Bloomberg em Dubai. “Ainda esperamos que o cenário mais provável seja uma contenção relativamente rápida do vírus”.
Antes do surgimento das manchetes, em sua atualização do Panorama Econômico Mundial, em janeiro, o FMI reduziu suas projeções de crescimento econômico mundial em 2020 em 0,1 ponto percentual, para 3,3%.
Gita Gopinath, chefe de pesquisa do FMI, disse que alguns dos riscos negativos vislumbrados nas perspectivas de outubro do FMI foram reduzidos.
“Alguns riscos recuaram parcialmente com o anúncio de um acordo comercial da Fase I entre os Estados Unidos e a China e uma menor probabilidade de um acordo Brexit sem compromisso”, disse ela em um comunicado. “A política monetária continuou apoiando o crescimento e as prósperas condições financeiras. Com esses eventos, agora existem sinais de que o crescimento global pode estar se estabilizando, embora em níveis moderados.”
Desde então, com a atenção mobilizada pela epidemia, aumentaram os temores de que, à medida que as cidades chinesas se fecham e os países impõem restrições, o impacto econômico do novo coronavírus possa ser abrangente.
“Temos que reconhecer que há uma grande incerteza sobre a natureza do vírus, sobre como ele está afetando exatamente a China e pode se estender além da China”, acrescentou Georgieva.
Prepare-se para o pior
Na Conferência de Segurança de Munique, na sexta-feira, Georgieva pediu aos governos e bancos centrais que tomem medidas contra a epidemia.
A diretora disse que as próximas semanas serão cruciais para construir uma imagem “de baixo para cima” do impacto do coronavírus na China e no mundo.
“Dessa forma, podemos chegar a um acordo sobre medidas sincronizadas, ou melhor ainda, coordenadas para proteger a economia mundial de uma comoção mais séria”, disse a diretora aos delegados. “Podemos fazer? Sim. Nós vamos fazer isso? Na verdade, acho que vamos conseguir”, acrescentou.
“Estamos analisando os dados com muito cuidado … temos que fazer o que as pessoas em emergências fazem: orar pelo melhor e se preparar para o pior”, acrescentou Georgieva.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.