Diplomatas franceses, alemães e britânicos se aproximam dos novos governantes da Síria

O líder da república muçulmana russa da Chechênia, Ramzan Kadyrov, pede que o Hayat Tahrir al-Shams seja retirado da lista de grupos terroristas proibidos.

Por Chris Summers
17/12/2024 17:28 Atualizado: 17/12/2024 17:28
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Autoridades dos governos alemão e francês estão se reunindo com os novos governantes da Síria, 24 horas depois que diplomatas britânicos se encontraram com Ahmed al-Sharaa, líder do principal grupo rebelde, Hayat Tahrir al-Shams (HTS).

O presidente sírio Bashar al-Assad foi deposto em 8 de dezembro e uma aliança rebelde liderada pelo HTS tomou a capital síria, Damasco.

Embora o HTS — que começou como uma ramificação da Al-Qaeda — continue sendo um grupo terrorista designado pelos Estados Unidos e pela maioria dos outros governos ocidentais, seu líder tem procurado minimizar suas raízes islâmicas e se aproximar das minorias cristãs e curdas da Síria.

Al-Sharaa, anteriormente conhecido pelo pseudônimo Abu Mohammed al-Golani, estabeleceu um governo de transição e também se comprometeu a respeitar os direitos da minoria alauíta, que dominava o regime de Assad e é considerada herética por muitos islamistas sunitas.

O Departamento de Estado dos EUA disse na segunda-feira que teve mais de uma comunicação com o HTS na semana passada.

O parlamento da Rússia também aprovou uma lei na terça-feira que permitiria a Moscou normalizar as relações com o regime sírio dominado pelo HTS, bem como com o Talibã no Afeganistão.

Na segunda-feira, o líder da república muçulmana russa da Chechênia, Ramzan Kadyrov, pediu que o HTS fosse retirado da lista russa de grupos terroristas proibidos.

A Rússia está interessada em manter o controle de uma base naval em Tartus e da base aérea de Hmeimim na província vizinha de Latakia, ambas usadas para apoiar o regime de Assad durante o auge da guerra civil síria.

O líder russo, Vladimir Putin, já ofereceu refúgio em Moscou para Assad e sua família, mas pode estar negociando um acordo em que a Rússia mantenha o uso das bases militares.

Depois de anos sendo apoiada pela Rússia e pelo Irã, a Síria agora está pronta para recorrer ao Ocidente em busca de apoio econômico e político.

A agência estatal de notícias da Síria, SANA, que era leal a Assad, mas agora é controlada pelo HTS, disse que al-Sharaa se reuniu com uma delegação do Ministério das Relações Exteriores britânico na segunda-feira.

HTS quer que as sanções sejam atenuadas

A SANA disse que al-Sharaa enfatizou a necessidade de suspender as sanções impostas à Síria quando Assad estava no comando e retomar o comércio com o resto do mundo, para que a economia possa se recuperar e cerca de 6 milhões de sírios que fugiram para o exterior desde 2011 possam retornar à sua terra natal.

A agência de notícias disse que al-Sharaa “falou sobre a necessidade de construir um estado de direito e instituições, e estabelecer a segurança”.

A SANA também publicou uma fotografia no X de al-Sharaa, vestindo um terno de estilo ocidental e camisa aberta, em conversas com um diplomata britânico.

Em 15 de dezembro, o Reino Unido anunciou um pacote de ajuda humanitária de 50 milhões de libras (US$63,5 milhões)  para refugiados e outros sírios “vulneráveis”.

O Ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, disse: “A queda do terrível regime de Assad oferece uma chance única para o povo da Síria. Temos o compromisso de apoiar o povo sírio enquanto ele traça um novo rumo.

“Primeiro, fornecendo£ 50 milhões [US$63,5 milhões] em novos alimentos, assistência médica e ajuda para apoiar as necessidades humanitárias dos sírios vulneráveis. Segundo, trabalhando diplomaticamente para ajudar a garantir uma melhor governança no futuro da Síria.”

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse que seus diplomatas também estavam planejando conversas com a nova liderança síria.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse: “As possibilidades de uma presença diplomática em Damasco também estão sendo exploradas”.

Referindo-se às raízes islâmicas extremistas do HTS, o porta-voz disse: “Até onde se pode dizer, eles agiram com prudência até agora”.

Pelo menos um milhão de sírios que fugiram para o exterior quando a guerra civil eclodiu em 2011 estão vivendo atualmente na Alemanha, e Berlim está empenhada em repatriar aqueles que querem voltar para casa.

Os diplomatas franceses também devem visitar Damasco na terça-feira.

A chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, disse que a União Europeia deve estar pronta para aliviar as sanções contra a Síria se a nova liderança do país tomar “medidas positivas” para estabelecer um governo inclusivo e respeitar os direitos das minorias religiosas e das mulheres.

A Associated Press e a Reuters contribuíram para esta reportagem.